30 de outubro de 2019
Título emitido por bancos permite que seja feita estrutura de pacotes de cenários para ativo nacional ou internacional
O Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um tipo de investimento que combina características de renda fixa e renda variável e, por isso, especialistas afirmam que a modalidade pode trazer boas oportunidades de investimento para quem busca melhor retorno nas suas aplicações e também para quem quer diversificar seu portfólio de aplicações.
“O COE foi criado no Brasil há cinco anos, mas existe na Europa desde a década de 1990. Lá é chamado de nota estruturada e surgiu em um cenário de juros baixos, parecido com o ambiente que estamos vivendo atualmente no Brasil”, explica Fábio Zenaro, professor do Insper. “Durante muito tempo o investidor conviveu com juros mais altos e trabalhou com renda fixa. Agora, é provocado a procurar novos investimentos”, comenta Zenaro. Mesmo sendo uma boa opção para melhorar a rentabilidade das aplicações, investidores ainda têm muitas dúvidas sobre essa modalidade.
O COE é um título emitido por bancos e permite que o emissor faça a estrutura de pacotes de cenários para o desempenho de um ativo ou indexador, que pode ser tanto nacional como internacional. O bom é que, independentemente da decisão de onde aportar as economias, o investidor tem a possibilidade de ter 100% do seu capital protegido, mesmo que aconteçam fatores do mercado que levem essa aplicação a não ter retorno.
Modalidade mais usada pelos brasileiros, o valor nominal protegido garante que o montante principal aplicado no COE será devolvido ao investidor, independentemente da estratégia do gestor ou das oscilações do mercado. Vale destacar que existe também a opção do valor nominal em risco, quando há possibilidade de perda até o limite do capital investido no COE.
“Do ponto de vista estratégico, uma das vantagens do COE é que o investidor vai ter um pé na renda variável, mas com características de renda fixa”, comenta o professor Zenaro, ao destacar três pontos principais dessa modalidade de investimento: prazos variados – é possível adquirir ativos com vencimentos diversos; perfis diferentes com estruturas de COE – é possível atender investidores que tenham perfil mais arrojado como quem é mais conservador; tipo de ativo – os recursos podem ser aplicados em ações no mercado interno ou externo, em ouro ou câmbio, por exemplo.
“A flexibilidade é uma das vantagens desse tipo de investimento, que permite ter uma cesta de ativos que vai remunerar de acordo com os ativos escolhidos”, destaca o professor.
“O COE possibilita que você tenha exposição a ativos que normalmente você não teria em outros investimentos, como aplicar em ouro, investir em empresas e fundos internacionais, seja na Bolsa americana ou europeia, por exemplo”, explica a XP Investimentos em seu site. Para exemplificar, a corretora cita a compra de ação na Bolsa americana e em situações de queda, em que o investidor vai perder. “No entanto, se você investiu em um COE de capital protegido ligado à Bolsa americana, você recebe de volta seu capital investido, ou seja, o COE foi apenas um veículo de acesso à Bolsa.”
O COE é um investimento de longo prazo, com vencimentos que variam entre dois e cinco anos. “A remuneração esperada ocorre no fim do período contratado. No entanto, é possível em alguns casos ter verificações intermediárias e, a depender da condição, pode vencer antes”, explica o professor ao comentar que há possibilidade de recompra, que sempre é feita a preço de mercado.
Como em todo tipo de investimento, tem de ser levado em consideração o perfil do cliente. No entanto, diz Zenaro, o COE é uma boa opção para a composição da carteira. “Tomando como exemplo o mercado internacional, em que o COE é um produto bastante utilizado para diversificação, o porcentual médio normalmente observado nas carteiras varia entre 10% e 15%. Não existe um porcentual ideal para investir em COE. Tudo vai depender da sua necessidade de liquidez no curto prazo e de seu perfil de investidor”, destaca a XP.
Ao emitir um COE, o banco observa as regras de suitability, ou seja, a instituição faz uma análise do “apetite” por risco de cada cliente, conforme explica a B3 (Brasil Bolsa Balcão). “A instituição tem que, obrigatoriamente, checar a adequação do produto ao cliente e passar uma série de informações mínimas ao investidor, como risco, cenários. Essa transparência está prevista na legislação e foi criada com base na experiência no mercado internacional com as notas estruturadas”, diz o professor. Vale destacar que o COE não é segurado pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O economista Danilo Oliveira considera que o maior risco de se investir em um COE é o de falência do emissor. “Assim, a melhor forma de se prevenir é escolhendo instituições confiáveis.”
Por fim, outra dúvida comum entre os interessados nessa modalidade de investimento está relacionada à tributação, que segue a tabela regressiva do Imposto de Renda. Ou seja, quanto mais tempo ficar na aplicação, menor será a alíquota cobrada, que começa em 22,5% para aplicações de até seis meses e pode chegar a 15% para quem mantiver os recursos por dois anos ou mais.
Aos poucos, no entanto, os brasileiros começam a conhecer esse tipo de investimento e aumentam seus aportes nessa modalidade. Para se ter uma ideia, até o dia 24 de outubro o estoque chegou a
R$ 19,3 bilhões, alta de 17% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o estoque era de R$ 16,4 bilhões. A estimativa é que esse seja um mercado global de mais de US$ 2 trilhões.