Depois da forte queda na quantidade de beneficiários durante o pico da crise econômica, as principais empresas de seguros de saúde no Brasil estão vendo os números se estabilizarem. Entre os meses de fevereiro de 2018 e 2019, o aumento na quantidade de beneficiários foi de 250 mil, incluindo os contratos Coletivo Empresarial, Coletivo por Adesão e Individual ou Familiar, aponta a FenaSaúde. Em 2019, o setor espera crescer entre 7,5% e 8,1%.

Parte dessa estabilidade é explicada pelas iniciativas das operadoras de se adaptarem ao contexto macroeconômico do País. Com mais tecnologia, elas estão conseguindo personalizar os produtos e serviços, aprimorar a comunicação direta com o beneficiário e, sobretudo, consolidar as medidas pró-atenção primária. É isso o que tem feito empresas como SulAmérica, Bradesco Seguros e Unimed Seguros, mais uma vez finalistas na categoria Seguradoras de Saúde do ranking Finanças Mais.

Na operação da bicampeã SulAmérica, a tecnologia foi o motor dos destaques de 2018, como o lançamento do serviço de telemedicina para conectar médicos do trabalho das empresas-clientes a especialistas da rede referenciada. O objetivo é a análise conjunta dos casos complexos. A companhia também expandiu para 19 cidades o Médico em Casa, que permite agendar, via aplicativo, atendimento médico domiciliar de crianças e idosos. Quanto à atenção primária, a SulAmérica passou a oferecer atendimento ambulatorial dentro da própria empresa-cliente. “Já há mil médicos e 120 mil pacientes cadastrados”, conta Gabriel Portella, presidente da companhia. “O momento é de disciplina na gestão de riscos e equilíbrio na alocação de capital. Foi justamente isso que fizemos.” A SulAmérica encerrou 2018 com mais de 3,3 milhões de vidas em carteira e contabilizou 13,4% de aumento nas receitas operacionais sobre 2017.

Na vice-liderança, a Bradesco Saúde integrou a área de relacionamento com cliente à de produtos, e com isso alinhou a criação de serviços a novos produtos e está revendo sua estrutura de atendimento. “Principalmente para negociação dos reajustes”, ressalta Manoel Peres, diretor-presidente da Bradesco Saúde. No campo da otimização dos recursos, Peres destaca a evolução na mudança das formas de pagamento aos prestadores. Para mais de 6 mil procedimentos médicos, feitos em cerca de 480 hospitais da rede credenciada, a remuneração já é feita em outros formatos, e não mais no tradicional fee-for-service. Em 2019, o foco está sendo desenvolvimento de produtos para o Seguro para Grupos (SPG), que representa 37% da receita dos planos coletivos, com mais de 136 mil empresas na carteira.

A Bradesco Saúde também investe na expansão da rede de clínicas médicas Meu Doutor Novamed, cujo foco é atenção primária a partir da prática da medicina de família, diagnóstico laboratorial e algumas especialidades médicas. Em São Paulo, há seis unidades em funcionamento e até o fim de 2020 o plano é inaugurar outras 26 em todo o País.

Com novos serviços e programas direcionados ao gerenciamento de doença crônica, a Unimed Seguros-Saúde fortaleceu as operações focadas em atenção primária e junta isso ao fomento de novos formatos de remuneração aos prestadores. O presidente Helton Freitas exemplifica: “No caso do paciente com câncer, trabalhamos com uma atenção que não tem barreiras, e incluímos bônus aos profissionais a partir da opinião do paciente, que é um indicador fundamental”.

A companhia usa modelos de business analytics para auxiliar na decisão de compra de material e equipamentos. O lançamento de produtos e serviços está ligado às estreitas relações entre a Unimed nacional e as mais de 300 cooperativas locais em todo o País. Em terceiro lugar no ranking, no ano passado a companhia registrou aumento de 7,5% nos prêmios e a meta de faturamento para este ano é crescer 20% sobre 2018. Em números, a operadora quer bater os R$ 4 bilhões, sendo 76% desse prêmio em saúde. Mas isso não basta e Freitas ressalta: “Nosso potencial ainda é maior do que temos colhido, e há uma oportunidade de assumir a complementaridade em caráter nacional que ainda não está suficientemente explorada”.

“O momento é de disciplina na gestão de riscos e equilíbrio na alocação de capital. Foi justamente isso que fizemos”

Gabriel Portella, presidente da SulAmérica

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