A recuperação da economia brasileira está longe de atingir o ritmo de crescimento esperado por empresas, trabalhadores e mercado financeiro, mas os fundamentos estão lançados. As expectativas são de que as reformas, como a da Previdência e a tributária, além da medida provisória que trata da liberdade econômica, tragam gás para a economia e, consequentemente, contribuam para os investimentos financeiros.

Neste cenário de retomada econômica, com inflação e taxa de juros baixas, as aplicações em Bolsa de Valores aparecem como alternativa para melhorar os retornos financeiros. Por enquanto, muita oscilação domina os pregões, mas a tendência é de que, passado o momento de turbulência, se reflita em retorno para os investidores. “A Bolsa ultrapassou os 100 mil pontos e a tendência é de que no futuro tenhamos outros recordes, principalmente com as reformas”, diz o consultor Tiago Melo.

Para Karel Luketic, estrategista-chefe da XP Investimentos, há algumas alavancas que amparam o otimismo em relação à Bolsa. A primeira é a aceleração dos resultados das empresas. “A expectativa é de que os lucros acelerem ao longo dos próximos anos. Isso é um ciclo, não é somente um ano adiante, mas, sim, ao longo dos próximos anos a gente acha que haverá uma aceleração do crescimento dos lucros.”

A segunda é o ambiente de risco menor em relação ao Brasil por causa de um avanço na agenda de reformas. “Isso também ajuda a trazer valor para a Bolsa. Só para dar um número, a cada 1% a menos na nossa taxa de desconto, o valor justo esperado para as empresas da Bolsa sobe 12%”, destaca Luketic. Por fim, com juros baixos por mais tempo, a tendência é de continuar vendo uma alocação aumentando para a Bolsa, ou seja, fluxo para a Bolsa. “Hoje, 7% dos ativos dos fundos no Brasil estão em Bolsa. Excluindo fundos de previdência, a média histórica é 8,4% e o pico foi 14%. A gente acredita que vamos voltar a ver patamares próximos desse pico em algum momento ao longo dos próximos anos, que é algo gradual e contínuo. Não será algo do dia para a noite, mas é algo que deve trazer sustentação para a Bolsa”, complementa.

Neste ano, o número de investidores pessoa física na B3 bateu o recorde de 1,2 milhão de participantes. Para se ter uma ideia, em 2010 a Bolsa brasileira contabilizava 610 mil investidores pessoa física. “Houve um aumento considerável no número de pessoas físicas investindo em Bolsa de Valores e isso é muito bom, porque a diversificação financeira é fundamental para garantir bons retornos nos investimentos”, destaca Melo. O consultor sugere que os recursos destinados a investimentos devem ficar 60% em aplicações de risco conservador ou moderado; 20% em risco médio; e o restante em alto risco. “O fundamental é que a pessoa saiba exatamente qual a destinação que será dada aos recursos e em quanto tempo vai precisar dos valores. Investimentos em Bolsa são de longo prazo e devem ser feitos de maneira cautelosa e com a ajuda de um especialista”, aconselha Melo ao lembrar que as ações da Petrobrás chegaram a se desvalorizar 87%, quando a auditoria se recusou a aprovar o balanço da companhia.

“Isso foi em 2014 e de lá para cá a empresa recuperou as perdas e ganhou valor de mercado. Por isso, é fundamental ter cautela porque quem se desfez das ações em período de baixa perdeu dinheiro”, destaca o consultor. Ele afirma ainda que, antes de investir recursos em uma empresa, é fundamental avaliar o histórico dessa companhia, lembrando que ganhos passados não são garantia de retornos no futuro. “Imagine que você é um comerciante. Antes de aceitar um cheque, o comerciante faz uma consulta do emissor. O mesmo deve ocorrer quando investimos em uma empresa. Avaliar a companhia é fundamental. Temos que evitar o ‘efeito manada’. Estar amparado de especialistas ajuda muito nesse processo”, aconselha Melo.

 

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Volatilidade

Por outro lado, a volatilidade tem marcado o Índice Ibovespa nas últimas semanas. Em julho, o indicador chegou a 106 mil pontos e caiu para cerca de 96 mil em agosto. “Com a turbulência internacional, é fundamental ter cautela nos investimentos”, alerta o economista Roberto Dumas.

“O cenário internacional ficou mais desafiador e isso traz volatilidade para mercados emergentes como um todo e e para o Brasil, com risco para o cenário de aceleração do crescimento e dos lucros do Brasil”, considera Luketic, da XP.

O especialista também considera que “o cenário internacional traz mais volatilidade e pode fazer com que a aceleração não seja tão forte, o quanto a gente imagina adiante para o Brasil, frente a esse contexto internacional mais desafiador“. “Mas ainda é um cenário otimista para a Bolsa, que deve ganhar força ao longo dos próximos 6 a 12 meses com avanço da agenda de reformas, um crescimento que acelere e o cenário de juros mais baixos por mais tempo“, explica.

“A economia brasileira tem bons fundamentos, mas o mundo vai mal e esses problemas externos, como a crise na Argentina e a guerra comercial entre China e Estados Unidos, podem ter impacto também no cenário local”, alerta o economista Dumas ao afirmar que neste contexto é necessário cautela ao escolher os investimentos.