3 de março de 2020
Desde que atingiu o pico de 14,25% entre julho de 2015 e outubro de 2016, a taxa básica de juros sofreu o 17º corte. Com a última redução anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic passou de 4,50% para 4,25% ao ano. As mudanças são extremamente importantes para o crescimento do País. Entretanto, exigem uma mudança de comportamento tanto dos investidores quanto das instituições financeiras.
Afinal, se antes o poupador mais conservador deixava os seus investimentos alocados em uma única cesta e mesmo assim conseguia obter um rendimento satisfatório, agora ele precisa abandonar a mesmice, conhecer as diversas possibilidades e, assim, voltar a conquistar o retorno desejado.
Para ajudar o investidor a entender todo esse processo de transformação e o cenário atual que interfere diretamente no dia a dia de cada um, o Finanças Mais contou com a ajuda do economista e professor da Esags, Pedro Carvalho de Mello, e do especialista em Investimentos do Banco Itaú, Martin Iglesias.
Quer conferir todos os detalhes da entrevista realizada pela jornalista Fernanda Sampaio na TV Estadão. Então, basta assistir ao vídeo:
Mudança de comportamento
O que antes era visto apenas como uma burocracia, identificar o perfil do investidor nunca foi tão necessário. Com as informações certas, critérios estabelecidos e a ajuda necessária, é possível sim aproveitar essa mudança no cenário. Claro, para isso, alguns riscos precisam ser assumidos, mas sempre com cautela. “Muitos ficam incomodados com essa situação atual e claramente acabam buscando novas alternativas, até mesmo assumindo alguns riscos que não assumiam anteriormente”, explica Iglesias. Para ele, as mudanças são favoráveis desde que conscientes e bem elaboradas.
“Quando a rentabilidade começa a diminuir na economia, não tem como remunerar o poupador com taxas atrativas. Mercado é movimentado por determinadas forças”, acrescenta Mello. Segundo o economista, a mudança é favorável para movimentar o mercado de ações.
Diversificar com consciência
Com o perfil de investidor traçado e os riscos calculados, é possível encontrar algumas opções atrativas, de acordo com os especialistas. “Fluxo de investidores locais para a bolsa, fundos imobiliários ou multimercados para começar a diversificar os investimentos”, explica Iglesias.
Aliás, os especialistas acreditam que a bolsa ainda é um bom investimento, com grandes possibilidades de avançar ainda mais. Entretanto, vale mais uma vez destacar que não é recomendado colocar “todos os ovos” em uma única cesta. “Não há mágica. Rendimentos de investimentos passados serão baixos. Vamos ter que sair da mesmice, diversificar”, destaca Mello.
Instituições financeiras também mudaram
As mudanças também atingem as instituições financeiras, que precisaram se adequar ao novo cenário para evitar a estagnação e, consequentemente, a perda de clientes. Muitas soluções apresentadas por corretoras forçaram os bancos, por exemplo, a promoverem transformações até mesmo na forma de atuação, até mesmo reduzindo custos.
O aumento da concorrência é considerado benéfico para os investidores, principalmente no cenário atual, onde é necessário um esforço maior para conquistar o desejado retorno. Afinal, se a taxa de juros é baixa, os custos são importantes de serem analisados”, diz Iglesias.
Projeções para um futuro próximo
O investidor que sonha com a volta do cenário anterior deve começar a mudar de opinião. Afinal, ambos os especialistas destacam que a taxa básica de juros deve permanecer no atual patamar. “A projeção é que siga em 4.25%. Mas também têm alguns também acham possível uma nova redução pela frente, em torno de 0,25%”, afirma Iglesias.
Por sua vez, o Produto Interno Bruto (PIB) deve fechar o período em 2,3%. “Anteriormente, estávamos com uma visão um pouco mais positiva, mas agora a nossa visão veio para 2,30%”.