Imensos desafios e grandes conquistas. Esta é a síntese do período de pandemia de covid-19 para três ícones do setor de saúde no País, destaques desta edição do Empresas Mais Estadão: Fundação Butantan, Einstein e Fleury.
A Fundação Butantan, vencedora da categoria, foi criada em 1989 para dar apoio às atividades do Instituto Butantan, incluindo a gestão administrativa e financeira necessária à execução dos projetos. Sem fins lucrativos, destina seus recursos para financiar diversas atividades relacionadas à saúde pública, como a produção de vacinas – evidenciada durante a pandemia – e outros medicamentos e pesquisas científicas. “A Fundação Butantan é o motor central das atividades do Instituto Butantan”, define Dimas Covas, que acaba de assumir como diretor executivo da Fundação, depois de cinco anos à frente do Instituto.
Nos últimos três anos, período da pandemia de covid-19, o Butantan registrou forte crescimento de produção, infraestrutura e pessoal. No final de 2019, a Fundação Butantan tinha 1.854 funcionários, e o Instituto, 535, totalizando 2.389 profissionais. Hoje, são 3.366 colaboradores na Fundação e 416 no Instituto – total de 3.782, crescimento de quase 60%.
Em 2021, foram investidos R$ 366 milhões em obras como a Central de Armazenamento Refrigerado (CAR), a nova fábrica de soros, o Centro de Recursos Biológicos Butantan (CRBB) e o Centro de Produção Multipropósito de Vacinas (CPMV), que Covas classifica como um dos maiores legados do período de pandemia. “Caso se confirme a necessidade contínua de produção da vacina de covid-19, esse centro passa a produzir a vacina integralmente. Além disso, tendo ou não a covid, a fábrica está pronta para produzir o IFA de outras vacinas, das quais o Butantan está incorporando as tecnologias, como a de Hepatite A. Uma outra, em avaliação, é a vacina contra a raiva, num acordo que está sendo discutido com uma multinacional para a incorporação de IFA”, descreve o diretor. “Sabemos que a distribuição de médicos e especialistas entre as regiões do País é uma das principais barreiras de acesso aos serviços de saúde e temos desenvolvido iniciativas para superar essa dificuldade”
Eliézer Silva, diretor-superintendente do sistema de saúde Einstein
“Sabemos que a distribuição de médicos e especialistas entre as regiões do País é uma das principais barreiras de acesso aos serviços de saúde e temos desenvolvido iniciativas para superar essa dificuldade”
Eliézer Silva, diretor-superintendente do sistema de saúde Einstein
Urgência e complexidade
O forte aprendizado decorrente da pandemia também é enfatizado por Eliézer Silva, diretor-superintendente do sistema de saúde Einstein. “Foi um período que colocou à prova toda a nossa trajetória de inovação e o nosso processo de transformação digital. Conseguimos exercer um papel de protagonismo nas ações de enfrentamento da pandemia, tanto na saúde privada como na pública”, ele avalia.
Alguns exemplos desse protagonismo foram os projetos de pesquisas que responderam a dúvidas sobre tratamentos da covid-19, a disponibilização da telemedicina de forma ampla – inclusive como plataforma para o SUS – e o fomento de colaborações entre os sistemas público e privado na busca por soluções rápidas para o enfrentamento da crise. “Sabemos que a distribuição de médicos e especialistas entre as regiões do País é uma das principais barreiras de acesso aos serviços de saúde e temos desenvolvido iniciativas para superar essa dificuldade”, descreve o executivo. Na rede pública, por meio do TeleAmes, o Einstein leva assistência médica especializada à Região Norte do Brasil, por exemplo. Hoje são mais 190 pontos ativos na região, em um projeto que teve início durante a pandemia.
Edgar Rizzatti, diretor executivo médico, técnico, de Negócios B2B e Novos Elos do Grupo Fleury, lembra que, no início da pandemia, foi preciso conciliar vários aspectos complexos e urgentes: além da necessidade de proteger colaboradores, médicos e pacientes, havia muitas dificuldades logísticas para a chegada de insumos importados. “Isso nos obrigou a impulsionar a área de Pesquisa & Desenvolvimento, para que conseguíssemos substituir insumos que estavam sendo disputados pelo mundo inteiro”, recorda Rizzatti.
O impulso dado à telemedicina é um grande legado do período, avalia o executivo do Fleury. “Havia um tabu em relação ao tema, mas as restrições diminuíram e a regulamentação evoluiu.” A possibilidade de realização de alguns tipos de exames na casa dos pacientes também é uma prática que se consolidou, pois contribui para dar mais praticidade e conforto a quem tem dificuldades de mobilidade ou simplesmente prefere evitar o deslocamento até o laboratório.
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