Corrida insana rumo ao mundo digital

Meta do governo federal para 2020 é digitalizar 80% dos serviços públicos

A modernização dos serviços é uma tendência global inevitável e os serviços públicos (utilities) estão cada vez mais atentos à demanda. Até o fim de 2020, por exemplo, o governo federal pretende digitalizar mil serviços. Hoje, dos 2.897 serviços dos órgãos da administração pública federal, pelo menos 1.250 estão na era digital, o que equivale a 42%. Caso a meta do governo seja alcançada, o País terá disponíveis cerca de 80% dos seus serviços públicos prestados por canais eletrônicos, como sites pela internet ou aplicativos para smartphones.

“O aumento de 1% do governo digital traz ampliação de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB), de 0,13% no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e de 1,9% no comércio internacional”, disse o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, durante o Painel Telebrasil, evento que ocorreu em maio, em Brasília.

Estudo da empresa Huwaei, chamado Índice Global de Conectividade, aponta que, até 2025, a economia digital deverá movimentar US$ 23,3 trilhões (R$ 93,7 trilhões). Nesse setor, se destacaram no Estadão Empresas Mais Sabesp, Comgás e Engie.

Com esse contexto, ganha força o conceito de govtechs, que são infraestruturas de tecnologia usadas para melhorar a forma como o governo se relaciona com os cidadãos e como esses acessam os serviços. Já há bons exemplos no País. Em dezembro do ano passado, a Controladoria-Geral da União (CGU) lançou o chatbot Cida, para atendimento automatizado de ouvidoria pelas redes sociais do órgão. A iniciativa permite que usuários registrem denúncias, sugestões, solicitações, reclamações, elogios ou pedidos de simplificação pelo Facebook Messenger (serviço de mensagens instantâneas). Segundo a CGU, o robô simula um diálogo de atendimento e, após receber a solicitação, busca uma resposta adequada no banco de dados da pasta.

Outra iniciativa é no Tribunal de Contas da União (TCU), onde três robôs virtuais fazem a varredura nos sistemas da corte para servir como apoio ao trabalho de fiscalização e elaboração de contratos assinados a partir de licitações públicas. “Alice”, “Sofia” e “Mônica” analisam editais, atas de preços e relatórios de auditores do tribunal na busca por fraudes e irregularidades.

Também fazem parte das ferramentas de trabalho do tribunal 77 diferentes bancos de dados, que incluem registros de contas governamentais, composição societária das empresas pelo CNPJ, contratações com recursos públicos e as informações sobre os servidores processados.

Segundo do grupo Tellus, que tem projetos em setores públicos de 20 Estados e 123 cidades por todo o Brasil, o uso de tecnologia tem como principal objetivo desburocratizar a atividade. “Tecnologias relacionadas a soluções para governos e cidadãos significam não só economizar, mas simplificar para ambos os lados”, diz Alix Birche, responsável pela comunicação do Tellus.

“Os cidadãos passam a ter livre acesso aos serviços públicos em qualquer dia, local e horário. Para os governos, significa agilidade, aumento da segurança e redução do trabalho burocrático”, explica Alix.

Para garantir segurança hídrica, Sabesp fez 35 obras de grande porte em São Paulo

Meta é universalizar os serviços de saneamento

Empresa é responsável por 30% de tudo o que é despendido em saneamento no Brasil

Apontada pelo segundo ano consecutivo como a empresa mais bem ranqueada no Estadão Empresas Mais, a Sabesp, companhia de economia mista do governo do Estado de São Paulo, aposta que tal desempenho é fruto dos investimentos constantes na área em que atua – a empresa é hoje responsável por 30% de tudo o que é despendido em saneamento no País e a quarta do mundo no setor em número de clientes. “Continuaremos buscando a excelência em tudo o que fazemos”, diz o presidente da Sabesp, Benedito Braga.

Um dos objetivos da empresa, revela Braga, é atingir a universalização dos serviços de saneamento nas cidades onde atua. “Nos municípios que atendemos no interior do Estado de São Paulo, estamos praticamente com os serviços universalizados em termos de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto”, explica.

Na Grande São Paulo e no litoral, comenta o presidente da Sabesp, a empresa espera estar próxima desse patamar até o fim da próxima década. “Nosso plano prevê investir, de 2019 a 2023, R$ 18,7 bilhões, sendo R$ 7,76 bilhões em abastecimento de água e quase R$ 11 bilhões em coleta e tratamento de esgoto”, afirma.

“Nos municípios que atendemos no interior do Estado de São Paulo, estamos praticamente com os serviços universalizados em termos de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto” Benedito Braga, Presidente 

O presidente da Sabesp lembra que a pior seca da história da Grande São Paulo fez com que a empresa e o governo do Estado adotassem medidas rápidas para garantir o abastecimento da população. Foram implantadas, comenta Braga, ações de estímulo ao uso racional da água e, paralelamente, realizadas obras e mudanças nas áreas atendidas pelos sistemas. O chefe da Sabesp explica que hoje existem áreas que podem ser abastecidas por até três sistemas diferentes, para aliviar a carga dos mananciais que estavam com menor índice de reservação.

“Foram 35 grandes obras, como a interligação Jaguari-Atibainha e o Sistema Produtor São Lourenço, além de quase mil intervenções de pequeno e médio portes, que hoje garantem a segurança hídrica da região metropolitana de São Paulo”, explica.

Tecnologia

A Sabesp tem hoje uma série de trabalhos voltados para a inovação tecnológica e a sustentabilidade, segundo Braga. “A Estação de Tratamento de Esgoto de Franca (interior de SP), por exemplo, utiliza o gás gerado pelo lodo oriundo do esgoto tratado para a produção de biometano, que serve para abastecer a frota de veículos da unidade”, revela.

Ainda segundo Braga, a empresa está instalando equipamentos para utilizar energia solar em ETEs de Orindiúva e Elias Fausto, ambas no interior, em um projeto piloto que será levado para outras plantas da Sabesp, e iniciou a implantação de turbinas em adutoras para geração de energia elétrica aproveitando o potencial hidráulico.

No atendimento ao cliente, comenta Braga, a Sabesp já oferece o acesso aos serviços pela Agência Virtual, pelo aplicativo para celulares e ainda nas agências remodeladas com inovações tecnológicas e ambiente virtual. A companhia dispõe de quatro dessas unidades: em São Mateus, no M’Boi Mirim e na Vila Nova Cachoeirinha, na capital, e em São José dos Campos.

“Nesses novos espaços, o cliente conta com estação de aplicativos, rede Wi-Fi para download do programa da Sabesp para celulares e tablets e totem personalizado com tela sensível ao toque em que o usuário pode realizar o próprio atendimento”, afirma. Outro destaque, lembra o presidente da Sabesp, é a possibilidade de receber atendimento via teleconferência na cabine criada especialmente para esse tipo de relacionamento.

Plano nacional

Hoje, o Brasil investe uma média anual de R$ 10 bilhões em saneamento básico. Esse valor representa menos da metade do previsto para que o País chegue a ter, até 2033, uma rede de cobertura nacional de água e esgoto, conforme prevê o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).