Inovação e aposta nas exportações unem os grandes grupos do País

Vale, Braskem e Grupo Raízen reúnem 133,6 mil trabalhadores

As três empresas que lideram a categoria Grandes Grupos do ranking Estadão Empresas Mais empregam juntas 133,6 mil trabalhadores. Vale, Braskem e Grupo Raízen conseguiram se destacar dentro dos seus setores investindo em inovação e apostando no mercado externo para ampliar seus negócios.

exportação: Em 2018, a China respondeu por 56% dos embarques de minério de ferro e pelotas da companhia

A Vale, que fornece minério de ferro e pelotas (aglomerados do próprio minério de ferro) para a indústria siderúrgica, está inserida em um segmento totalmente globalizado. No ano passado, a China respondeu por 56% dos embarques de minério de ferro e pelotas da companhia, e a Ásia, como um todo, respondeu por 70%.

A Europa ficou com 22% do total, seguida pelo Brasil, com 8%. “Nossos dez maiores clientes adquiriram, juntos, 146 milhões de toneladas métricas de minério de ferro e pelotas de nossa produção, representando 40% dos nossos volumes de venda desses dois produtos em 2018 e 39% de nossa receita total de minério de ferro e pelotas”, diz a companhia, por meio de sua assessoria de imprensa.

Receita operacional de R$ 134 bilhões, 23,9% acima do registrado no ano anterior

De acordo com informações da empresa, em 2018, nenhum cliente respondeu individualmente por mais de 7% dos embarques de minério de ferro e pelotas. “De nossa produção de pelotas de 2018, 54% eram pelotas de alto-forno e 46% eram pelotas de redução direta.” O alto-forno e a redução direta são tecnologias diferentes empregadas por usinas siderúrgicas para produzir aços, cada qual usando diferentes tipos de pelota. Em 2018, os mercados asiático (sobretudo Japão), europeu e brasileiro foram os principais para as pelotas de alto-forno da companhia, enquanto o Oriente Médio e a América do Norte foram os principais mercados para as pelotas de redução direta.

A companhia destaca que está em constante processo de evolução, trabalhando para transformar recursos naturais em prosperidade e desenvolvimento sustentável. Objetivo que é atingido, segundo a companhia, quando os negócios, em particular as atividades de mineração, geram valor para acionistas e demais partes interessadas. Ao mesmo tempo que elas apoiam o fortalecimento social, o desenvolvimento das vocações econômicas regionais e a conservação e recuperação ambiental, por meio de uma gestão consciente e responsável. “A filosofia de trabalho da Vale envolve ações empresariais voluntárias e parcerias com os diversos níveis de governo, instituições públicas, outras empresas e a sociedade civil.”

O Ebitda cresceu 24,6%, para R$ 61,065 bilhões

Entre os principais desafios da mineração, está o de contribuir com os compromissos de descarbonização da economia mundial, assumidos no Acordo de Paris. Para isso, a Vale definiu uma série de metas até 2030, que incluem: reduzir em 16% a intensidade de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), recuperar 100 mil hectares de áreas degradadas e chegar a 100% de autoprodução de energia elétrica renovável no Brasil.

O dia a dia da Vale não pode ser desconectado do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), operação sob responsabilidade do grupo. Um dos maiores desastres socioambientais da história do Brasil resultou na morte de 249 pessoas. Há 21 pessoas que continuam desaparecidas. “Sabemos que há muito a ser feito para endereçar os efeitos do rompimento da barragem de rejeitos na mina do Córrego do Feijão. Estamos empenhados em remediar os danos causados à cidade de Brumadinho e às comunidades vizinhas. Administraremos os passivos decorrentes desse evento profundamente lamentado, e estamos comprometidos em aprender e compartilhar as lições do rompimento da barragem.”

124,9 mil colaboradores (70,3 mil próprios e 54,6 mil terceiros), dos quais 95,6 mil alocados no Brasil

“Entre os compromissos assumidos pela companhia estão: manter pessoas e comunidades seguras e restaurar a confiança das partes interessadas; disciplina de capital; manter nossa abordagem de margem sobre volume para o segmento de minério de ferro; transformar o segmento de metais básicos em um gerador de caixa significativo; concluir o ramp-up de nossas operações de carvão; e aprimorar a governança corporativa”, informa a empresa por meio de nota.

Segundo Luciano Siani Pires, diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, segurança, pessoas e reparação são prioridade para a companhia. “Seguimos empenhados em garantir a segurança total das nossas operações e das pessoas em nossas comunidades, assim como reparar de forma justa e rápida os impactos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho. Para isso, a empresa precisa estar saudável, de tal forma que possa gerar os recursos que todo o esforço de reparação exige”, avalia Siani Pires.

Atua em 27 países de cinco continentes produzindo manganês, ferro-ligas, cobre, metais do grupo platina (MGP), ouro, prata, cobalto, carvões metalúrgico e térmico

A Vale fechou 2018 com receita operacional de R$ 134 bilhões, 23,9% acima do registrado no ano anterior. O Ebitda cresceu 24,6%, para R$ 61,065 bilhões. “Em 2018, encerramos o ano com 124,9 mil colaboradores (70,3 mil próprios e 54,6 mil terceiros), dos quais 95,6 mil alocados no Brasil. A Vale S.A. é líder global em minério de ferro, pelotas de minério de ferro e níquel. Atuamos em 27 países de cinco continentes produzindo manganês, ferro-ligas, cobre, metais do grupo platina (MGP), ouro, prata, cobalto, carvões metalúrgico e térmico”, diz a companhia por meio de um comunicado.

A infraestrutura para operar essa variedade de serviços inclui exploração mineral, escritórios administrativos e unidades operacionais conectadas por modernos sistemas integrados de logística, que abrangem ferrovias, terminais marítimos e portos. Para assegurar apoio ao transporte dos minérios produzidos, desde a sua extração nas minas até a entrega aos clientes, a companhia conta com centros de distribuição e realiza atividades de afretamento marítimo. Por meio de coligadas, joint ventures ou participação direta, tem participações em ativos relevantes nos segmentos de energia, siderurgia e bauxita. As matérias-primas produzidas pela empresa atendem várias indústrias em todo o mundo, como siderúrgica e automotiva.

Globalização: Braskem prevê investir R$ 3 bilhões em ações que vão melhorar suas plantas

Braskem

“Recentemente, abrimos um posto avançado na Índia a fim de prospectar oportunidades naquele mercado, um dos que mais crescem no mundo”, diz Fernando Musa, presidente da Braskem, ao comentar que a companhia tem clientes em mais de cem países. “A Braskem tem uma expressiva presença fora do Brasil, com plantas industriais nos Estados Unidos (seis plantas industriais), México (quatro plantas) e Alemanha (duas plantas), sem falar nos escritórios comerciais em outros países. Nossas operações no exterior contribuem expressivamente para nossos resultados”, complementa o executivo.

No ano passado, a Braskem apresentou geração de caixa recorde, chegando a R$ 7,1 bilhões – resultado 187% superior ao de 2017, em um ano em que os desafios apresentados pelo mercado global foram intensos, conforme destaca Musa. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) mostrou forte consistência, atingindo R$ 11,3 bilhões, com um lucro líquido da controladora de R$ 2,86 bilhões. “No Brasil, a demanda de resinas, incluindo PE (polietileno), PP (polipropileno) e PVC, continuou se recuperando e totalizou 5,2 milhões de toneladas, expansão de 2,4% em relação à do ano anterior. Isso se explica pela melhora no nível de atividade econômica impulsionada pela demanda dos setores agrícola, de cosméticos, farmacêutico e de embalagens para alimentos”, diz o presidente da companhia. Destaque especial para o mercado de PVC, que em 2018 apresentou um crescimento de 1,4% após quatro anos consecutivos de retração. No ano, as unidades do Brasil e as exportações registraram um Ebitda de US$ 1,905 milhão (R$ 6,985 milhões), 61% do consolidado de segmentos da companhia.

Geração de caixa recorde, chegando a R$ 7,1 bilhões, um resultado 187% superior ao de 2017

A capacidade anual de produção da Braskem é de 8,9 milhões de toneladas de resinas termoplásticas (polietileno, polipropileno e policloreto de vinila) e 10,7 milhões de toneladas de químicos básicos (como eteno, propeno, butadieno e bezeno, entre outros). “Nossos produtos são vendidos para clientes dos mais diversos segmentos, entre eles, embalagens alimentícias, construção civil, varejo, automóveis, agronegócio, saúde e higiene”, diz. “Seguindo nosso compromisso com a sustentabilidade e a inovação, também somos a principal fabricante mundial de biopolímeros, com capacidade anual de 200 mil toneladas de produção do Plástico Verde I’m green™, polietileno produzido a partir do etanol de cana-de-açúcar, de origem 100% renovável e, em 2018, lançamos o EVA de fonte renovável, que também faz parte de nossa marca I’m green™.”

Na Braskem, a previsão é investir ao redor de R$ 3 bilhões. “Em relação ao pilar de produtividade e competitividade, assinamos um contrato para compra de energia eólica que viabilizará a expansão do Complexo de Folha Larga, na Bahia, que a EDF Renewables está desenvolvendo”, diz Musa. Além disso, a companhia estabeleceu uma parceria com a Siemens para o desenvolvimento do projeto de modernização da central petroquímica do Polo do ABC, em São Paulo, que reduzirá o consumo de energia elétrica e as emissões de CO2 da unidade.

Capacidade anual de produção da Braskem é de 8,9 milhões de toneladas de resinas termoplásticas e 10,7 milhões de toneladas de químicos básicos

Segundo o executivo, em 2019, a Braskem segue a construção da sua sexta fábrica de polipropileno (PP) nos Estados Unidos. No fim do segundo trimestre, o progresso físico da obra atingiu 65,5%, com investimento já realizado de US$ 485 milhões. A previsão é que a unidade, a primeira erguida nos Estados Unidos desde 2005, entre em operação em 2020. “Buscamos ter uma atuação ética, sustentável e responsável baseada em diversificação de matéria-prima e geográfica, produtividade e competitividade”, afirma Musa.

Raízen

A Raízen também avalia oportunidades em novos mercados mantendo os olhos atentos ao futuro sem perder de vista o hoje para impulsionar o crescimento dos negócios. “Por exemplo, como uma das principais distribuidoras de combustíveis do Brasil, identificamos uma oportunidade de negócio na Argentina. Além disso, arrematamos também lotes nos portos de Cabedelo (PB), Vitória (ES) e Miramar (PA), por meio de consórcios firmados com outras empresas do setor, o que nos dará maior capacidade de armazenagem de combustíveis para expandir os negócios nessas regiões”, diz Leonardo Pontes, vice-presidente executivo comercial da Raízen.

De acordo com o executivo, o mercado externo é relevante principalmente como canal de escoamento de parte de produção de açúcar e etanol, além de fazer parte de nossa estratégia de supply de combustíveis para o mercado doméstico. Atualmente a Raízen faz negócios com diversos países em todos os continentes e tem presença internacional nos Estados Unidos, Europa e Ásia sendo um relevante player de trading. “Nossas operações internacionais têm um papel relevante na diversificação de portfólio de negócios do grupo. Tivemos também no ano passado a chance de expandir nossos contratos com uma nova operação no exterior”, diz o executivo. No ano passado, a oportunidade rastreada na vizinha Argentina culminou com a aquisição dos ativos de Dowsntream da Shell. “Lá no país vizinho, passamos a operar uma refinaria, uma planta de lubrificantes, três terminais terrestres, dois terminais de abastecimento de aeroportos, além de incorporar uma rede de 665 postos com licença da marca Shell”, diz o representante da Raízen. “Temos apenas oito anos de atuação e já somos uma das cinco maiores empresas do País em receita líquida. Atuamos de forma integrada, desde o plantio de cana até a produção e distribuição de açúcar, etanol, etanol de segunda geração e combustíveis”, complementa Pontes.

Presença internacional nos Estados Unidos, Europa e Ásia sendo um relevante player de trading

A companhia, diz ele, busca soluções sustentáveis que incentivem o desenvolvimento do País, como a produção de bioeletricidade e de etanol de segunda geração feito com o bagaço da cana, além de ter iniciado em junho deste ano sua atuação na geração de energia solar. “Lideramos a produção de açúcar, etanol e bioenergia e somos uma das maiores distribuidoras de combustíveis, com licença da marca Shell no Brasil e na Argentina, para comercialização nos segmentos de transporte, indústria e varejo”, destaca. “Prezamos pela excelência das nossas operações, do atendimento aos clientes e parceiros e da qualidade de produtos e serviços oferecidos. Por isso, investimos no aperfeiçoamento do nosso portfólio, que conta com toda a experiência de nossa equipe e de nossos parceiros”, diz o executivo. “Oferecemos o melhor em tecnologia associado ao melhor atendimento humano para que nossos consumidores tenham a sensação de sair de nossos postos e lojas melhores do que entraram. Esse é o nosso conceito de ‘humanologia’ que se aplica dentro e fora dos postos, nas nossas relações e em nossa empresa.”

Entre os principais obstáculos enfrentados pelo setor, o executivo da Raízen destaca que a sonegação de impostos e a inadimplência fiscal são entraves sérios. “Para combater empresas inadimplentes e manter a competitividade saudável do mercado, as atuações do governo, judiciário e legisladores têm sido fundamentais”, diz Pontes.

Para ele, é fundamental ressaltar a importância de uma política de preços da Petrobrás acompanhando o mercado internacional e do valor da livre concorrência como ocorre em todas as economias modernas do mundo. A redução de taxas e impostos, na visão da direção da Raízen, é um tema que precisa ser debatido para que o setor tenha chances de investir em pesquisa e desenvolvimento de soluções energéticas mais limpas, eficientes e sustentáveis, produzidas em grande escala para atender à demanda crescente por energia.