Tecnologia e gestão contra queda de consumo
Na comparação entre 2018 e 2017, setor registrou crescimento nominal de 0,8%
O segmento atacado distribuidor atende mais de um milhão de pontos de venda nos 5.570 municípios brasileiros, gerando cerca de 460 mil empregos diretos e 5 milhões de indiretos. A estimativa, segundo a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), é que 53,6% de tudo o que é comercializado no varejo alimentar nacional saia de depósitos e centros de distribuição do canal indireto.
Muito sensível ao contexto de retração econômica, o segmento de Atacado e Distribuição obteve, em 2018, crescimento nominal de 0,8% na comparação com o ano anterior, segundo o levantamento anual da Abad/Nielsen, faturando R$ 261,8 bilhões, a preço de varejo. No mesmo período, segundo o ranking Estadão Empresas Mais, Raízen Combustíveis, Coamo e Ipiranga foram as empresas que mais se destacaram no setor.
Apesar do crescimento tímido do segmento, a participação de mercado do setor manteve-se estável em relação ao ano anterior, permanecendo superior a 50% pelo 15.º ano consecutivo. “A economia ainda não retomou seu ritmo e o atacado distribuidor tem seu desempenho estreitamente ligado à renda disponível das famílias e ao porcentual de desemprego. Trabalhamos com produtos de consumo diário, principalmente itens alimentares, de higiene pessoal e de limpeza doméstica. Produtos essenciais”, avalia Emerson Luiz Destro, presidente da Abad.
Segunda colocada no ranking, a cooperativa Coamo tenta driblar os efeitos da forte seca, que levou à quebra de produção da soja nesta safra. “A geada atrapalhou o trigo, a seca levou à quebra de 20% na soja. O que está bom neste ano é a segunda safra de milho, que terá um volume bem maior do que no ano passado, saltando de 38 milhões de toneladas para 43 milhões de toneladas”, diz José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo. No ano passado, a cooperativa teve um faturamento global de R$ 14,8 bilhões e distribuiu R$ 358 milhões para 28,9 mil associados.
“Mesmo com adversidades na economia e os impactos da greve dos caminhoneiros nos resultados, a Ipiranga conseguiu fechar 2018 com recuperação do market share, preservando escala e competitividade”, diz Marcelo Araújo, presidente da Ipiranga, a terceira no pódio. No período, a companhia registrou receita líquida de R$ 76,4 bilhões, crescimento de 14% em 2018. “O resultado se deu, especialmente, pelas movimentações nos custos médios do diesel e da gasolina e pela estratégia de inovação constante em serviços e conveniência nos postos, o que amplia a satisfação dos clientes.”
Para tentar driblar o impacto da queda no consumo, as empresas do setor têm investido na melhoria dos processos, capacitação de pessoas e em tecnologia. “A busca de eficiência e de novas maneiras de fazer mais e melhor com menos recursos é uma constante”, diz Destro.
Segundo o dirigente, os empresários passaram por um aprendizado nos últimos anos. “As empresas que precisaram ajustar suas operações sob o signo da austeridade também guardam as lições da crise para tocar seus negócios com eficiência.”
Após ano desafiador, grupo dribla obstáculos e cresce
Baixa venda da gasolina foi compensada pelo diesel, etanol e combustível de aviação
As empresas brasileiras tiveram de fazer verdadeiro malabarismo para driblar os obstáculos que surgiram no ano passado. Greve dos caminhoneiros, recessão econômica e polarização nas eleições formaram o cenário de apreensão entre os empresários brasileiros. A situação não foi diferente para a Raízen Combustíveis, líder no ranking Estadão Empresas Mais.
“Nosso ano-safra 2018/2019 foi, sem dúvida, bastante desafiador, o maior de nossa história. O fato se deve muito à conjuntura político-econômica marcada pela recessão econômica em meio a uma incerteza de ano eleitoral, entre outros fatores que foram sentidos não só por nós, mas também por outros setores”, diz Leonardo Pontes, vice-presidente executivo comercial da Raízen. Ainda assim, a empresa conseguiu superar os desafios e o volume total vendido no ano passado foi 2% superior ao do ano anterior, puxado pelo etanol, diesel e combustível de aviação, que compensaram a retração na comercialização de gasolina. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por sua vez, apresentou uma queda de 8% em relação ao ano anterior, afetado principalmente pelos efeitos da greve dos caminhoneiros na primeira metade do ano-safra.
“Nosso ano-safra 2018/2019 foi, sem dúvida, bastante desafiador, o maior de nossa história. O fato se deve muito à conjuntura político-econômica marcada pela recessão econômica” Leonardo Pontes, Vice-presidente executivo comercial
No negócio de produção de etanol, açúcar e bioenergia, o executivo comenta que a companhia passou por contratempos climáticos – com estiagem severa nos quatro primeiros meses da safra, o que teve impacto na produtividade, e um período de fortes chuvas, acima da média histórica nos últimos meses, que ocasionou paradas industriais e postergou o término da safra. “Na distribuição de combustíveis, os maiores impactos foram causados pela greve dos caminhoneiros e a alta volatilidade dos preços internacionais. Para minimizá-los, destacamos nossos esforços na otimização da estratégia de suprimento e comercialização, e a priorização do relacionamento próximo e sustentável com toda a nossa rede de clientes, postos revendedores e parceiros de negócios, além dos investimentos para posicionamento de marca junto ao consumidor final.”
Para este ano, a empresa tem expectativa de melhores resultados mesmo em um contexto ainda mais competitivo, tendo em vista a maior produção de açúcar em países asiáticos, principalmente Índia, e a chegada de players internacionais ao mercado de distribuição de combustíveis no Brasil.
“Queremos encontrar novas formas, melhores, mais eficientes e sustentáveis para continuarmos a entregar os serviços e produtos tão reconhecidos por nossos clientes e parceiros”, afirma Pontes. O executivo considera que a redução de taxas e impostos é um tema que precisa ser debatido para que o setor tenha chances de investir em pesquisa e desenvolvimento de soluções energéticas mais limpas, eficientes e sustentáveis, produzidas em grande escala. “A Raízen é detentora de duas tecnologias sustentáveis e essenciais: o etanol de segunda geração, que tem potencial para elevar entre 40% e 50% a capacidade de produção de etanol da Raízen com a mesma área plantada, e a bioeletricidade a partir da biomassa e do biogás.”
Além disso, afirma que a sonegação de impostos e inadimplência fiscal são entraves sérios no setor e trazem grandes prejuízos ao País. “É importante ressaltar a importância de uma política de preços da Petrobrás acompanhando o mercado internacional e do valor da livre concorrência como ocorre em todas as economias modernas do mundo.”
A Raízen conta com mais de 7 mil postos da marca Shell e mais de mil lojas de conveniência Shell Select, considerando Brasil e Argentina. São 26 unidades de produção de açúcar, etanol e bioenergia, além de uma planta de etanol 2G com capacidade instalada para moagem de 73 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, que produzem cerca de 2,5 bilhões de litros de etanol por ano e 4,2 milhões de toneladas de açúcar. “Em junho deste ano, inauguramos a nossa primeira planta solar, que terá uma potência instalada de energia de 1.3 MWp, suficiente para abastecer um bairro de Piracicaba por um ano.”