Alta capilaridade expande as vendas

Assaí Atacadista, Beira Rio e Magazine Luiza têm operações em quase todos os Estados do País

As três companhias que encabeçam o ranking Estadão Empresas  Mais no segmento Grande Vencedor – Individual têm em comum a abrangência regional dos seus negócios, com operações em praticamente todos os Estados brasileiros. Assaí Atacadista, Beira Rio e Magazine Luiza formam o top três desta categoria. “Temos lojas em 19 Estados, entraremos em mais três neste ano e outros três no ano que vem. O objetivo é estar em todos os Estados até 2021”, diz Belmiro Gomes, presidente do Assaí. O atacarejo, que também obteve a primeira colocação no ranking regional Sudeste, abriu sua primeira loja em 1974, em São Paulo, e atualmente conta com 150 unidades próprias abertas e outras 18 em construção. A meta é chegar até o fim deste ano com 167 lojas em funcionamento. “Estamos investindo cerca de R$ 1 bilhão em expansão e temos atualmente 304 mil metros quadrados em construção”, comenta Gomes. No ano passado, o grupo apresentou faturamento de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 22% na comparação com o registrado no ano anterior. A rede conta atualmente com cerca de 38 mil colaboradores e a expectativa é de fechar o ano com 40 mil trabalhadores.

O executivo diz que, quando o GPA, empresa do Grupo Casino, adquiriu o Assaí, a rede faturava R$ 1,4 milhão e tinha 14 lojas. O GPA comprou 60% das ações do Assaí em 2007 e o restante em 2010. O Assaí foi criado com o objetivo de atender os pequenos comerciantes, que passaram a ter a opção de fazer a reposição diária, sem precisar comprar para grandes períodos nem ter a necessidade de empenhar recursos em estoques. Ao longo dos anos, porém, donas de casa perceberam que também podiam economizar até 20% nas compras feitas na rede. Desde 2011, a empresa passou a fornecer alguns itens com preços de atacado, mas em quantidades menores. O objetivo é dar mais opções para esse novo público e facilitar as compras para os pequenos comerciantes que nem sempre precisam adquirir grandes quantidades do mesmo item.

Assaí, também o primeiro colocado no ranking regional Sudeste, começou seus negócios em 1974

Engana-se, porém, quem acha que são apenas as famílias de baixa renda que buscam as lojas do grupo para fazer suas compras. São cerca de 214 milhões de clientes que passam pelas lojas da rede anualmente. De acordo com o executivo, as classes A e B têm participação expressiva nas vendas do Assaí. Nas lojas, estão disponíveis mais de 7 mil itens de marcas nacionais e importadas de mercearia, alimentos, perecíveis, embalagens, bazar, higiene, bebidas e limpeza. No ano passado, foram atendidos 2,5 milhões de domicílios e feitos 16 milhões de transações de vendas. “Estamos ampliando nossa base de clientes, conquistando novos consumidores”, diz o executivo ao comentar que o modelo está bastante inspirado nos mercados americano e europeu.

Um dos motivos que têm contribuído para a conquista de clientes foi a mudança das lojas. Pelo menos 18 unidades já contam com ar-condicionado, iluminação diferenciada, refrigeração, ampliação do sortimento de produtos e adequações voltadas para cada região. “As reformulações das lojas começaram em 2011”, diz Gomes.

Os problemas de logística, entretanto, ainda são um desafio para a rede nos grandes centros. No ano passado, teve ainda uma agravante com a greve dos caminhoneiros, que parou o transporte de mercadorias por 11 dias durante maio e levou ao desabastecimento de vários estabelecimentos comerciais Brasil afora. “A paralisação dos teve um grande impacto negativo e afetou alguns sistemas de abastecimento, mas por volta de setembro e outubro o problema estava superado”, avalia o executivo. De acordo com Gomes, o efeito da greve foi pesado durante o período da paralisação, mas no fim do ano não foi tão grande quanto se previa. “No faturamento total, o impacto negativo no final foi de 1,5% a 2%.”

BEIRA RIO

Cultura de transformação espalhada pelo mundo

Produção de calçados do grupo do Sul do País é comercializada em 85 países

ampliação do mix de produtos é uma das estratégias da Calçados Beira Rio para atrair um novo público de consumidores. “Estamos focados principalmente no público feminino e na classe C, mas estamos crescendo no estrato social B”, diz Maribel Silva, diretora comercial e de Marketing da Beira Rio. Em novembro de 2018, a empresa lançou a marca Actvitta, que traz linhas para mulheres e homens e é destinada a atender o consumo wellness. Além da recém-lançada Actvitta, a companhia conta com as marcas Beira Rio, Moleca, Vizzano, Modare, Molekinha e Molekinho. No ano passado, a calçadista produziu 107 milhões de pares de calçados no total, alta de 11% na comparação com os dados do ano anterior, quando saíram das 11 linhas de produção da companhia 97 milhões de pares de sapatos. Para 2019, a meta é atingir 120 milhões de pares. “Nossa produção diária hoje é de 490 mil pares”, diz a executiva do grupo

O faturamento bruto da calçadista atingiu a marca de R$ 3,5 bilhões em 2018, alta de 11% na comparação com o do ano anterior, quando a empresa faturou R$ 3,1 bilhões. “Para 2019 estimamos um crescimento de 5% no faturamento. Muito mais do que uma mudança, a companhia já traz no seu core business uma cultura de transformação estratégica continuada, absorvendo e aplicando rapidamente o dinamismo que o varejo e o consumo demandam”, diz. “No biênio 2018/2019, o mercado vem se mostrando mais retraído. Mas essa retração nos impulsiona a desenvolver novos processos. Injetamos muito mais inovação nos produtos e também nos pontos de venda. Lançamos em novembro uma nova marca, a Actvitta. A produtividade, através da racionalização de materiais, é outro item que contribuiu solidamente para o resultado”, complementa.

Em 2018, produção da companhia atingiu 107 milhões  de pares de calçados, alta de 11% em relação ao ano anterior

A executiva destaca ainda que a capilaridade é expressiva e amplamente percebida em todo o mercado nacional. Destaque para as Regiões Sul, Sudeste e Nordeste, pela concentração populacional, além da maciça presença da cadeia varejista. “Atualmente, nossos produtos são comercializados em 85 países. Temos uma forte atuação em países da América do Sul e América Central”, comenta ao falar sobre os investimentos em inovação. “A Calçados Beira Rio investe sempre. Seja no parque fabril, seja na capacitação e formação dos colaboradores internos por meio do Programa Conquistando a Perfeição. Além disso, oferecemos ferramentas dedicadas aos negócios dos nossos clientes, como treinamentos de moda e comportamento de consumo, materiais de comunicação visual que contribuem para uma melhor ambiência das lojas – e que são produzidos com insumos ressignificados pela empresa, aplicativos como o BR Poste Fácil, que auxilia principalmente o pequeno e o médio varejo a marcar presença no ambiente digital, rentabilizando vendas”, diz Maribel.

Após crescer 11% de 2017 para 2018, com um faturamento bruto de R$ 3,5 bilhões, estimativa para 2019 é aumentar o faturamento em 5%

“Além de showrooms itinerantes pelo Brasil e pelo mundo, que levam os lançamentos quinzenais das sete marcas produzidas pela empresa aos lojistas, reduzindo possíveis custos de deslocamento e ampliando a economia do tempo dos clientes”, afirma a representante da Beira Rio.

Com 11 fábricas, todas instaladas na Região Sul do País, a companhia tem atualmente 9.863 colaboradores.

A Calçados Beira Rio nasceu na pequena cidade de Igrejinha (RS), em 1975. Na época, contava com 18 funcionários e a produção de 150 pares de sapato por dia. No início dos anos 1980, a empresa se consagrou no mercado da moda e inovação. Uns dos pontos que ganham destaque dentro da companhia são os ligados às questões da sustentabilidade.

A Beira Rio usa resíduos de cana-de-açúcar e fibra de coco para a confecção dos solados de seus calçados. “Temos buscado estratégias e adotado práticas sustentáveis e os produtos começam a chegar com essa identidade”, comenta Maribel. Segundo ela, a sustentabilidade faz parte do plano estratégico da empresa, que busca valorizar o cenário global, mas destacano sempre o produto nacional.

MAGAZINE LUIZA

Inclusão digital revoluciona forma de vender

Comércio eletrônico responde por 40% das vendas da companhia

Magazine Luiza apresentou crescimento expressivo de vendas em todos os seus canais e atingiu um recorde de R$ 19,7 bilhões no ano passado, crescimento de 36% em relação às de 2017. O lucro anual chegou a R$ 597 milhões, com crescimento de 54%. O Ebitda (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de R$ 1,2 bilhão em 2018 – com margem de 8%. Considerando apenas o quarto trimestre, as vendas do Magalu atingiram R$ 5,9 bilhões, aumento de 34,9% em relação às do mesmo período do ano anterior.

O e-commerce – representado pelo site, pelo app de vendas (com 26 milhões de downloads) e por um marketplace que conta com 3.300 sellers e 4,3 milhões de produtos – cresceu 57% no período, atingindo quase 40% das vendas totais da companhia. As lojas físicas – transformadas nos últimos anos em centros avançados de compras e distribuição, ou shoppable distribution centers – registraram uma elevação de 24% no último trimestre do ano.

Lucro do magazine luiza em 2018 atingiu R$ 597 milhões, 54% acima do registrado no ano anterior

“Em 2018, concluímos o processo de transformação digital do Magalu”, diz Frederico Trajano, CEO da companhia, na época da divulgação do resultado. “Agora, vamos iniciar um período de crescimento exponencial ao ajudar a digitalizar empresas e consumidores brasileiros.”

Nos últimos anos, a estratégia do Magazine Luiza perseguiu cinco focos: multicanalidade, inclusão digital, digitalização das lojas, cultura digital e plataforma digital. Desses, três – multicanalidade, digitalização das lojas e o desenvolvimento de uma cultura digital – foram plenamente alcançados e, conforme a empresa, a energia da organização, a partir de agora, se concentrará no crescimento da plataforma eletrônica e na inclusão digital. “Esses dois objetivos estão intrinsecamente ligados”, afirma Trajano. “O crescimento exponencial de nossa plataforma levará à inclusão digital de clientes e de empresas de todos os setores e portes.”

Empresa existe desde 1957, quando surgiu no interior de São Paulo

A expansão da plataforma Magalu, por sua vez, se dará por meio do trabalho em quatro frentes. A primeira é o desenvolvimento de um superapp que, além de oferecer produtos do Magalu e de seus parceiros do marketplace, permitirá que os clientes façam pagamentos por meio de uma carteira digital, recarreguem os créditos de celular e se relacionem em redes sociais. A segunda é o crescimento do marketplace. A terceira frente é o chamado Magalu As a Service, uma série de serviços tecnológicos – que vão da concessão de crédito ao fullfilment e distribuição de produtos – já oferecidos às empresas parceiras. A quarta frente é representada por serviços diferenciados, sobretudo no que diz respeito aos prazos de entrega dos produtos aos clientes. Atualmente, mais de 30% das entregas da companhia são feitas em até 48 horas.

O Magazine Luiza foi criado em 1957 no interior de São Paulo, quando Luiza Trajano Donato e seu marido, Pelegrino José Donato, venderam os primeiros aparelhos de TV para clientes da região.

27 mil funcionários e 900 lojas físicas localizadas em 17 estados do país

Tempos depois, o Magalu, então sob o comando de Luiza Helena Trajano, sobrinha da fundadora, ajudou a levar produtos como máquinas de lavar roupa a milhares de famílias brasileiras.

No Magalu, diz a empresa, “acreditamos que o que não muda é que a gente sempre muda. Ao longo de todos esses anos, esse espírito permitiu que nos transformássemos em uma grande plataforma digital de vendas, com 900 lojas físicas localizadas em 17 Estados do País, 27 mil funcionários e 12 centros de distribuição”.

No LuizaLabs, laboratório de desenvolvimento e inovação, mais de 400 desenvolvedores trabalham para colocar a tecnologia a serviço da experiência de compra. Desde 2011, o Magazine Luiza faz parte do Novo Mercado da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Nos últimos anos, fez 14 aquisições, consolidando sua presença nacional.

A marca do Magazine Luiza foi a mais valorizada de 2018, segundo estudo internacional da consultoria britânica Interbrand. O Magalu tem valor de R$ 1,08 bilhão, com uma valorização de 46% em relação ao estimado em 2017.