Projeções indicam recuperação do desempenho

Setor registrou uma alta de 3,7% de 2017 para 2018, inferior à de anos anteriores

O ano de 2018 não foi dos melhores para o mercado segurador, com nova desaceleração nas taxas de crescimento. Dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), que incluem previdência privada, saúde suplementar, capitalização, ramos elementares (veículos, residências) e cobertura de pessoas (vida, acidentes), apontam arrecadação de R$ 444,9 bilhões. O que implica um avanço nominal de apenas 3,7% sobre 2017, inferior à alta de 6,2% em 2017 e bem menor do que os 10,5% de 2016.

O desempenho da previdência privada foi o que puxou para baixo o resultado geral, com arrecadação de R$ 108,2 bilhões, queda de 8%. Este ano, os números apontam uma recuperação do setor. Na previdência privada, segundo a FenaPrevi, a arrecadação até junho foi de R$ 55,7 bilhões, alta de 8,3% em relação à de igual período do ano passado. Os números mais atuais da CNSeg, sem DPVAT e saúde suplementar, vão na mesma direção: arrecadação de R$ 125,4 bilhões, 8,4% superior à de 2018.

Na SulAmérica, destaque na segunda posição do ranking Estadão Empresas Mais, com o desempenho do segmento saúde (atrás da Caixa Seguradora), 2018 também foi um ano atípico. “Crescemos em todas as nossas vertentes de negócios”, comenta Ricardo Bottas, vice-presidente de Controle e Relações com Investidores da SulAmérica Saúde. O lucro líquido bateu em R$ 905 milhões, alta de 17%. “Em saúde, vencemos uma série de desafios decorrentes da crise econômica e ultrapassamos a marca de 3,4 milhões de clientes, com aumento de 13,4% em receitas”, diz o executivo. Bottas acrescenta movimentos importantes feitos pela seguradora neste ano, como a compra da Prodent, a venda dos negócios de capitalização para a Icatu e o acordo para a venda da operação de Auto e Massificados para a Allianz. “O foco é manter o ritmo de crescimento sustentável. Estamos convictos do potencial do mercado segurador. Somente 23% da população possui plano de saúde e apenas 12%, plano odontológico.”

Com 37% do mercado de resseguros no País, o IRB Brasil apresentou em 2018 resultados em linha com o projetado: uma alta de 20,4% nos prêmios emitidos, a R$ 6,9 bilhões. “As resseguradoras brasileiras avançaram para um outro patamar, conquistando negócios no exterior, sendo que o Brasil começa a se consolidar como um hub regional”, comenta José Carlos Cardoso, CEO do IRB Brasil ao explicar a resiliência em relação ao baixo crescimento do PIB. O lucro líquido cresceu 31,8%, para R$ 1,2 bilhão. Este ano, em que o IRB faz 80 anos e dois anos como companhia aberta, os números continuam favoráveis.

No primeiro semestre, o crescimento do prêmio emitido foi de 24%, a R$ 4,1 bilhões, e o lucro avançou 37%, a R$ 738,9 milhões. O IRB Brasil não divulga o desempenho por área de negócios, informa apenas que é líder em 9 das 11 linhas em que atua. Em 2019, o IRB passou a ter um novo perfil societário, após uma bem-sucedida oferta secundária de ações realizada em julho. Foram vendidos 83,98 milhões de ações ordinárias que eram detidas pela União Federal e BB Seguros Participações, levantando recursos de R$ 7,4 bilhões.

Caixa Seguradora é uma parceria entre CNP Assurances e a Caixa Econômica Federal

Na contramão, previdência privada registra viés de alta

Arrecadação dos planos VGBL e PGBL seguiu na direção contrária do mercado e subiu com força

A previdência privada foi o destaque no desempenho da Caixa Seguradora em 2018, colaborando para que a companhia registrasse o melhor ano de sua história. A arrecadação dos planos VGBL e PGBL seguiu na direção contrária do mercado – que registrou queda, principalmente em termos líquidos. Os produtos da Caixa subiram com força, 35% em relação a 2017, e um faturamento de R$ 16 bilhões.

Com os brasileiros sacando recursos para pagar dívidas, o setor de previdência privada viu o ingresso líquido ficar 30,6% menor. Na Caixa, contudo, a capacidade de resistir ao ataque da concorrência fez o resultado líquido crescer 34% na comparação anual. Também colaborou com o bom desempenho o aumento do número de CPFs, de 11%.

Até junho deste ano, a arrecadação da empresa com previdência cresceu 23%, e a de seguro de vida avançou 7,2%. Parte da resiliência do setor de seguros ao cenário econômico instável está ligada à baixa penetração no PIB.

“A cultura de seguros vem sendo, aos poucos, construída e a Caixa colabora com produtos acessíveis a milhões de brasileiros. Isso nos ajudou a mitigar os efeitos da crise e registrar nosso melhor ano”, diz Gabriela Ortiz, diretora-presidente da Caixa Seguradora, empresa líder do setor no ranking Estadão Empresas Mais.

“A cultura de seguros vem sendo, aos poucos, construída e a Caixa colabora com produtos acessíveis a milhões de brasileiros” Gabriela Ortiz, Diretora-presidente

O faturamento da Caixa Seguradora como um todo em 2018 foi de R$ 24,7 bilhões, crescimento de 20,5%. “Assim como nos seguros, o brasileiro vem criando uma consciência sobre a importância da previdência. São três ou quatro anos de discussões sobre uma reforma previdenciária e isso deixou as pessoas mais atentas sobre o futuro”, comenta Gabriela. “Além disso, temos ótimos índices de rentabilidade e, por isso, temos fundos atrativos para grandes investidores.”

Em 2019, a executiva destaca que a seguradora reformulou o modelo de oferta de produtos para melhorar a experiência do cliente nas agências da Caixa.

“O processo ficou mais simples e mais consultivo, permitindo uma venda sob medida. Investimos em um simulador intuitivo que ajuda o funcionário do banco a indicar o produto que mais se encaixa nas necessidades do cliente”, explica Gabriela. “Por enquanto, estamos usando o novo sistema na venda de seguro residencial e de vida, mas pretendemos estender para outros.”

A diretora-presidente da Caixa Seguradora também chama a atenção para a estratégia de inovação da empresa, considerada fundamental para o bom desempenho. “Buscamos inovar em todas as etapas do nosso negócio. Na elaboração dos produtos, nas atividades-meio, nas vendas e nos serviços que melhoram a experiência do cliente.”

A Caixa faz um mapeamento da jornada do consumidor, explica Gabriela, para entender melhor “seus pontos de dor, gerar conteúdos segmentados de acordo com o contexto e otimizar os investimentos em mídia com o apoio da tecnologia”.  E acrescenta que, com isso, a Caixa faz uma venda mais assertiva, oferecendo “ao cliente exatamente o que ele precisa naquele momento”.

Números em alta

O desempenho da seguradora

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