À espera da retomada de obras públicas
Empresas do setor mantêm 1,8 milhão de empregos, mas custos dos financiamentos travam o setor
Apesar do cenário econômico incerto, o setor de máquinas e equipamentos comemora um bom desempenho ao mesmo tempo que se adapta a um futuro cada vez mais desafiador. A aposta em linhas de produção com os conceitos da indústria digital e inteligente está atrelada à necessidade das reformas estruturantes, como a da Previdência e a tributária.
São esses processos que poderão dar impulso a investimentos e à retomada de obras públicas. E é também o que o setor aguarda ansioso, para que as linhas de produção das companhias e o consumo no País tenham impactos positivos.
João Carlos Marchesan, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), vê boas perspectivas diante das reformas propostas em nível federal e aponta o “custo do dinheiro” (as taxas altas demais que as empresas têm de bancar para obter financiamento para máquinas e outros investimentos) como um entrave para que o setor se desenvolva mais no País.
“Hoje, com essas taxas de financiamento batendo em 14% ao ano, elas ficam muito acima do retorno das empresas. Você acaba fazendo investimento em sua linha de produção apenas quando ele é estritamente necessário”, analisa. Segundo Marchesan, uma das saídas é tentar coibir o conhecido “custo Brasil”, que aumenta o gasto das empresas. “É preciso estimular uma concorrência maior no setor. Quem toma dinheiro emprestado precisa pagar menos”, afirma o dirigente.
Muitas companhias vêm obtendo sucesso na exportação, hoje destino de 40% das máquinas produzidas no País, segundo Marchesan. Nesse cenário, aparecem com destaque a multinacional brasileira WEG Equipamentos (mais da metade da receita vinda da exportação) e a alemã Thyssenkrupp Elevadores, cujo conglomerado prevê crescer dois dígitos no Brasil neste ano. As áreas de máquinas para bens de consumo, máquinas para indústria de transformação, máquinas e componentes para indústria de bens de capital e máquinas para agricultura são as que mais se destacam pelo desempenho.
O setor em geral, segundo Marchesan, espera fechar 2019 com crescimento de 4% a 5%, e suporta números grandiosos: a Abimaq representa hoje 51 mil empresas, que juntas têm uma receita líquida de R$ 606 bilhões e empregam 1,8 milhão de pessoas, mostram os dados da associação. “Depois de perder mais de 100 mil empregos em anos anteriores, estamos com crescimento de mais de 4% neste ano”, diz.
“É necessário, porém, procurarmos resolver o cenário a curtíssimo prazo. Para isso, os investimentos maciços em infraestrutura e saneamento precisam ser retomados”, diz o executivo. “Esperamos que o governo use parte daquilo que conseguirá com privatizações e planos de parcerias em investimentos públicos, promovendo a retomada de obras paradas. Hoje alguns citam 14 mil, outros dizem que existem 17 mil obras paradas no País. Não sabemos ao certo. Se começar a reativar parte dessas obras, esse processo vai puxar o desenvolvimento. Temos necessidade de investir e está tudo por fazer”, diz Marchesan.
De olho na transformação digital do agronegócio
Rápido avanço das novas tecnologias norteia trabalho da empresa, que completou 70 anos
As soluções competitivas e modernas para a agricultura devem aliar tecnologias para o aumento da produtividade, a redução de custos e atenção à sustentabilidade. O foco é disponibilizar e utilizar técnicas capazes de otimizar a produção e garantir maior eficiência e rentabilidade para os produtores rurais, colaborando para uma gestão mais racional no campo.
É nessa linha que a Jacto, empresa com sede em Pompeia (SP), destaque no setor de Máquinas e Equipamentos do ranking Estadão Empresas Mais, trabalha no presente e olha o futuro, à luz das profundas transformações do agronegócio graças ao rápido avanço das novas tecnologias.
Especializada no desenvolvimento e criação de equipamentos agrícolas, a empresa atua desde 1948 e vende seus produtos para cem países no mundo. Hoje, é uma das cinco grandes na área de equipamentos agrícolas. Os outros quatro grupos são multinacionais. As principais especialidades na linha de produção da empresa são pulverizadores, colhedoras de café, adubadoras, máquinas para agricultura de precisão e bicos de pulverização.
As projeções de crescimento são ambiciosas. Diante de uma receita líquida de R$ 1,69 bilhão no ano passado, a meta é aumentar o valor em 43% e chegar a R$ 2,1 bilhões em 2023 e, depois, continuar avançando e “chegar aos cem anos”, diz Fernando Gonçalves, presidente da Jacto.
“Trabalhamos na antecipação de demandas para atender um mercado cada vez mais competitivo e passar pelos cenários de dificuldades. Temos em mente que não produzimos apenas máquinas: oferecemos soluções e estamos ao lado do cliente para quando ele precisar do equipamento mais atual e tecnológico ou se ele precisar de um treinamento, uma peça, uma adequação ao seu equipamento atual”, afirma Gonçalves. “Do pequeno ao grande produtor”, ressalta.
A atenção ao cenário digital está incorporada ao dia a dia da empresa, aponta Gonçalves. “Estamos apoiando e compondo iniciativas e projetos que possam efetivamente levar a conectividade ao homem do campo. Essa é uma demanda real e construir parcerias contribuirá para um ecossistema mais forte.”
“Estamos apoiando e compondo iniciativas e projetos que possam efetivamente levar a conectividade ao homem do campo” Fernando Gonçalves, Presidente da Jacto
As áreas de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos ganham novidades a cada ano, com destaque para soluções exclusivas. O grande destaque do ano é o novo pulverizador automotriz Uniport 3030 EletroVortex. “A tecnologia exclusiva da Jacto combina a assistência de ar nas barras de pulverização com o carregamento eletrostático das gotas”, diz Gonçalves. Dessa forma, o sistema melhora a deposição de defensivo tanto na face superior quanto na inferior das folhas, com redução de volumes, minimizando desperdícios e aumentando a proteção ambiental. O ganho de rendimento é de 35%.
Entre os demais diferenciais tecnológicos estão os controles automáticos para adubadoras que reduzem os custos com fertilizantes em até 15%, os pulverizadores tratorizados para agricultura de precisão, que integram recursos em displays na cabine da máquina, e o primeiro pulverizador para uso nas costas com possibilidade de conexão ao smartphone, via bluetooth.
A empresa também está apoiando iniciativas de Internet das Coisas com foco na agricultura 4.0, conectada e inteligente.
“Há anos estamos desenvolvendo dispositivos, softwares, sensores e equipamentos autônomos que vão se conectar para subsidiar melhor as informações para os produtores rurais”, explica Gonçalves.
Tudo isso, ressalta o executivo, sem se esquecer de aproximar a tecnologia das pessoas. “Num mundo conectado, em que o acesso a informações e tecnologias está disponível a todos, o maior diferencial das empresas são as pessoas. A Jacto valoriza o comprometimento dos colaboradores com os objetivos da organização.”