Desde o início da pandemia, os supermercados lideraram as vendas no varejo. Entretanto, a expectativa de uma baixa atividade econômica no 2º semestre se reflete na confiança das empresas. Isso é o que demonstra pesquisa mensal da Associação Paulista de Supermercado (APAS) junto a seus associados.
Levantamento aponta aumento na neutralidade – de 31% em junho para 46% em julho – como os supermercadistas enxergam o futuro do segmento. Com a reabertura de bares, restaurantes e shoppings, o setor enxerga uma estabilização e até queda nas vendas devido ao aumento de desemprego prejudicando o consumo familiar. Essa falta de otimismo pode refletir também nos empregos. No momento, 89% dos supermercadistas acreditam na manutenção do quadro de funcionários. Entretanto, a intenção de demitir aumentou 11%.
Como esse cenário pode refletir no consumidor? Quais medidas podem mudar essa situação? Como isso impacta diretamente nos trabalhadores? O que significa isso para a economia do Brasil? A jornalista e gerente de publicações do Media Lab, Fernanda Sampaio, entrevistou o presidente da Associação Paulista de Supermercado (APAS), Ronaldo dos Santos, e o economista e professor de administração da Estácio São Paulo, Marcelo Costa Pereira. Confira a íntegra:
Análise
Assim como para todos os segmentos, os supermercados enfrentam um ano bastante atípico. Santos explica que o setor iniciou o ano registrando crescimento entre 2% a 3%. Na sequência, veio a pandemia e as vendas aumentaram por conta do isolamento social.
No momento, 89% dos supermercadistas acreditam na manutenção do quadro de funcionários
Com isso, o consumidor migrou dos restaurantes para o supermercado. “Houve transferência de venda de um canal para o outro”. Com a retomada gradual das atividades, porém, a tendência é que esses consumidores não permaneçam no setor, retomando a rotina aos poucos.
Além disso, tem o desemprego gerado pela crise. Essas situações, portanto, geram essa desconfiança dos empresários do setor com relação aos resultados do ano. Com isso, o crescimento do setor no ano deve ficar entre 3% e 4% no ano. “Ainda assim não seria ruim”.
Para Pereira, a situação, porém, não é tão ruim, em comparação com outros segmentos. “Dentro de todo o panorama que vivenciamos em 2020, eles vão passar por arranhões, pois poderia ser muito pior”. De acordo com ele, a tendência realmente agora é estagnar. Entretanto, o economista lembra que o setor tradicionalmente tem um grande movimento durante as festas de fim do ano.