Realização:

Estadão

Produção:

Media Lab

MBA do futuro

Uma questão de tempo (e dos tempos)

Por Armando Dal Colletto

“Tudo indica que estamos diante de um ciclo virtuoso que nos levará ao MBA do futuro. (…) Os profissionais escolhidos serão aqueles que compreenderam a importância da aprendizagem contínua”

O mundo acadêmico, assim como tantos outros setores, foi extremamente desafiado pela recente pandemia e obrigado a se ajustar às circunstâncias do distanciamento social e outras medidas, sofrendo severos impactos. O iceberg pouco a pouco foi se tornando visível. Boa parte do que vimos estava silenciosa – mente submersa e se preparando para emergir no futuro próximo. Temas como competências para o século 21, perspectivas de trabalho para os jovens e desafios do mundo exponencial, entre outros, se já despontavam, agora emergiram completamente.

Os cursos de MBA – que em sua imensa maioria ocorriam de maneira presencial – se ajustaram com muita rapidez e permitiram a continuidade das aulas via ambiente remoto. Alunos e professores tiveram um papel primordial, colaborando com resiliência, flexibilidade e muito esforço. Foi uma experiência vitoriosa, cheia de aprendizado, que já concluiu o seu ciclo. Qual será a expectativa para o futuro?

Quais os novos desafios que os cursos vão enfrentar quanto a currículo, formato de entrega, carga horária, atividades e etc., para atender às expectativas de um aluno que já visualizou e se conscientizou de várias partes desse iceberg e que também se conscientizou da importância do propósito, da economia circular, do impacto social das atividades econômicas, além da sustentabilidade do planeta?

Os cursos de MBA precisam aplicar o que nos ensinam as disciplinas de Customer Experience, reforçando uma cultura centrada no cliente, oferecendo uma jornada diversificada, inovadora, com experiências únicas de aprendizado, e atendendo às expectativas desse aluno que atuará sob novos paradigmas e em empresas que estão se reinventando continuamente para acompanhar um mundo Vuca – acrônimo em inglês para volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (volatility, uncertainty, complexity e ambiguity).

Tudo indica que estamos diante de um ciclo virtuoso que nos levará ao MBA do futuro. As empresas, incorporando em sua missão a responsabilidade social, econômica e ambiental, ampliam e diversificam suas atividades e passam a buscar profissionais com competências atualizadas, por sua vez adquiridas em diversos cursos, sejam eles de MBA, Educação Executiva ou qualquer outra nova forma de aprendizado. Dada a dinâmica do mundo dos negócios e das necessidades dos consumidores, os profissionais escolhidos serão aqueles que compreenderam a importância da aprendizagem contínua para manter a sua permanente atualização e consequente empregabilidade. Os MBAs do futuro serão aqueles que entenderam esse ciclo, dispõem de sólida base didática e metodológica, transitam com desenvoltura na tecnologia de ensino online e, por meio de seus docentes e pesquisadores, atendam às necessidades desses profissionais, proporcionando uma experiência de jornada compatível com os novos padrões de ensino e consumo de informação, com conteúdo curado e recomendado por especialistas do mercado e nos novos paradigmas culturais de forma e acesso já estabelecidos pelas plataformas de entretenimento.

O aluno do MBA do futuro, paralelamente, aproveitará canais complementares de aprendizado, como seus pares, ambientes de social learning, cursos focados em temas essenciais e em plataformas especializadas – e nem sempre de instituições acadêmicas, mas sim oferecidos por novos entrantes de educação. Chegamos aos tempos do life long learning exponencial!

Armando Dal Colletto é vice-presidente do Conselho Consultivo da Anamba, diretor acadêmico do Institute of Performance and Leadership (IPL) e coordenador do Estadão Guia do MBA