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A reinvenção digital do MBA

A crise fez surgir novas disciplinas e cursos. Veja como as escolas têm se adaptado

Por Roberto de Lira

Transferir para o ambiente digital a qualidade e a dinâmica do ensino presencial foi – e ainda é – um grande desafio das escolas e dos professores de MBA nestes tempos de pandemia. Entre outras adaptações, os encontros foram transferidos para salas de Zoom, Google Meet e Microsoft Teams. E muitos programas incluíram no currículo disciplinas de gestão para falar das transformações trazidas pelas interações sociais remotas. Veja o que algumas instituições têm feito para se adequar a uma nova realidade de ensino, relações e transmissão de conhecimento.

 

FIA
A Fundação Instituto de Administração (FIA), que existe desde 1980, já formou milhares de executivos e mantém desde 2010 a FIA Business School, montou um comitê de crise logo depois do carnaval e já usava novos formatos de
aula uma semana após a decretação da quarentena. Para o ensino híbrido, foram compradas câmeras e telas 4K. Nos MBAs internacionais, só as viagens de imersão foram adiadas.

Mesmo na incerteza, tivemos rapidez na resposta e atingimos uma padronização nas soluções. A flexibilidade foi importante”
Maurício de Jucá Queiroz, diretor e coordenador pedagógico da FIA

IBMEC
Fundada no Rio de Janeiro na década de 1970, criou o primeiro MBA de Finanças no Brasil (1985) e hoje oferece programas em áreas como gestão, negócios, inovação e tecnologia, marketing e logística. No contexto atual, colocou energia nas atividades que preservam o networking. Em 2021, vai inaugurar uma “fábrica de soluções” na dinâmica das aulas e já alterou o formato dos trabalhos de construção para o modelo de jogos de empresa.

Temos um foco muito grande no networking e em soft skills. São eles que impulsionam nossas carreiras”
Priscila Simões, diretora de Ensino e Desenvolvimento do Aluno do Ibmec

UNIFAJ
Fundada em 1999, a instituição tem cinco câmpus e pós-graduação lato sensu em gestão, comércio exterior, enfermagem e nutrição, entre outras áreas. Adaptado ao ambiente digital, o Centro Universitário de Jaguariúna lançou a plataforma Evolution, que tem aulas gravadas com personalidades do mundo corporativo, microlearning, material complementar em e-books e podcasts e várias possibilidades de interação.

“Apostamos no design de aprendizagem porque as pessoas retêm o conhecimento em ritmos diferentes”
Daniela Cartoni, coordenadora de MBA da UniFAJ

PUC-SP
Os programas de educação continuada incluem pós-graduação lato sensu nas modalidades de especialização, MBA, residência médica (e em outras áreas da saúde) e aperfeiçoamento. No MBA, sobressaem os cursos de gestão e controladoria. A PUC já havia convertido trabalhos de conclusão em projetos tocados por equipe, com interdisciplinaridade – ao enfrentar a transição digital, isso foi bastante útil. Os professores recebem capacitação para usar novas tecnologias em aula.

A crise não afugenta os alunos porque qualificação e requalificação são muito importantes e trazem mais vantagem no mercado de trabalho”
Silas Guerriero, pró-reitor de Educação Continuada da PUC-SP

MAUÁ
A especializações abrangem várias áreas da engenharia, a exemplo de automotiva, tecnologia, projetos industriais, segurança no trabalho e design. No uso das plataformas digitais, o conteúdo foi repensado de olho na reinvenção das carreiras e dentro do conceito de lifelong learning. A partir do próximo semestre, haverá uma disciplina sobre relacionamento interpessoal. Nos MBAs, subgrupos debatem soluções em salas virtuais e depois se reúnem para
apresentar suas conclusões.

O desenvolvimento de novas habilidades socioemocionais será cada vez mais buscado e valorizado”
Lucedile Antunes, professora de Pós-Graduação e Especialização do Instituto Mauá de Tecnologia

FGV
Criado em 1990 como um diploma de especialização em gestão de negócios, o programa da Fundação Getúlio Vargas puxou a fila na disseminação da sigla MBA no Brasil. Atualmente, tem aulas oferecidas em mais de 100 cidades em todo o País e cursos liderados por centenas de professores de negócios. A instituição aproveitou um time de professores-mentores que já fazia parte do quadro de cursos online para treinar e qualificar quase mil outros professores. O modelo híbrido, com alunos presenciais e a distância, já está em funcionamento.

Para o melhor networking, dividimos os alunos em grupos rotativos para a discussão de temas e casos”
Paulo Lemos, diretor da FGV Educação Executiva-SP

UNIP
Uma semana após a decretação da quarentena a pós lato sensu da Unip já estava adaptada, com aulas síncronas e poucos problemas. Ainda segundo a escola, o processo de digitalização e de virtualização foi acelerado, porque a instituição trabalha há dez anos no formato híbrido. A perspectiva é que o ensino remoto permita alcançar com qualidade alunos de locais mais distantes.

Muitos estão fazendo o esforço de se manter no MBA para conseguir uma posição melhor quando as empresas voltarem a contratar”
Jesuíno Irineu Argentino Júnior, coordenador da pós lato sensu da UNIP

PECE
O Programa de Educação Continuada (Pece) da Escola Politécnica da USP existe desde 1973 e tem cursos de tecnologia (como IoT, data science e analytics), automação industrial, gestão e engenharia, entre outros. A premissa básica da migração para o digital era que não poderia haver perda de conteúdo. Foram mantidos todos os professores, que passaram por treinamentos específicos, e praticamente a íntegra dos conteúdos das disciplinas.

O retorno do modelo presencial, quando ocorrer, será escalonado e o ensino que continuar digital deverá ser síncrono online”
Paulo Carlos Kaminski, professor e coordenador do Pece

ALBERT EINSTEIN
A pós-graduação do Hospital Israelita Albert Einstein nasceu em 2004 no Centro de Educação em Saúde Abram Szajman (Cesas). Mas a área de qualificação profissional existe há mais de três décadas. A escola, que tem um
MBA em liderança e gestão da saúde e vai lançar um segundo em março de 2021, adotou modelos mais flexíveis
de ensino, mudou a carga horária, estendeu a duração e inseriu novos equipamentos. Em networking, promove a troca de experiências dos gestores de saúde em encontros digitais matutinos. O intercâmbio presencial deste ano com a Universidade de Manchester, no entanto, foi adiado.

O novo curso terá um módulo inteiro dedicado à saúde mental, tema que entrou emergencialmente nas atuais turmas”
Flavia Ghisi Nielsen, gerente de MBA da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein

Roberto de Lira