TITULAÇÃO

Um caminho mais curto para o diploma

Os cursos superiores que formam tecnólogos têm duração menor e abrem possibilidade de uma rápida inserção no mercado de trabalho

Por Amanda Nonato

3 de novembro de 2022

Escolher começar um curso superior é uma opção para muitas pessoas que buscam se inserir no mercado de trabalho, conquistar bons salários e construir uma carreira sólida na área desejada. Muitas vezes a longa duração dessas graduações os distancia desse objetivo e, por isso, um caminho mais curto é a formação como tecnólogo.

Segundo os dados da Associação Brasileira de Estágios, houve um aumento de mais de 400% nas matrículas nos cursos superiores tecnológicos nos últimos 15 anos, chegando a quase 1,5 milhão de estudantes matriculados em 2020. Esse crescimento é puxado por duas vantagens que esse tipo de curso apresenta: uma carga horária menor e uma grade curricular mais prática. Enquanto as graduações com titulação de bacharelado e licenciatura levam quatro, cinco ou até seis anos para serem concluídas, o foco direto nas atividades de cada profissão leva os cursos tecnológicos a durar bem menos: a carga horária varia entre 1,6 e 2,4 horas, ou seja, de dois a três anos de graduação.

A vice-presidente de Relações Institucionais do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), Deborah Santesso Bonnas, comenta que essa formação surgiu a partir de uma demanda das empresas. O mercado buscava profissionais que tivessem mais do que uma formação técnica de nível médio, mas que também não levassem tanto tempo para se formar no ensino superior. “O tecnólogo é um curso mais focado. Apesar de uma excelente fundamentação teórica, ao trabalhar na implementação desse tipo de formação, consegui perceber como essa parte mais geral do conteúdo não é o principal do currículo e, sim, as exigências profissionais, para a inserção no mercado de trabalho. O que condiz muito com nossos tempos de mudança no mundo”, diz Deborah.

“Vejo como uma oportunidade prática de formação, trocar de segmento, se inserir no mercado. Uma pessoa já formada pode fazer uma transição de carreira, caso não haja demanda na área em que já atua, de uma forma mais rápida e com uma graduação”
Deborah Santesso Bonnas, vice-presidente de Relações Institucionais do Conif

Para ela, a grande força para popularizar a formação surgiu da criação dos institutos federais, junto à velocidade das mudanças globais, que possibilitaram o aumento da procura pelas graduações tecnológicas, com foco específico em determinadas áreas de conhecimento. “Vejo como uma oportunidade prática de formação, trocar de segmento, se inserir no mercado. Uma pessoa já formada pode fazer uma transição de carreira, caso não haja demanda na área em que já atua, de uma forma mais rápida e com uma graduação”, explica Deborah. Esses argumentos são reforçados por dados do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). De cada dez ex-alunos de uma graduação tecnológica da instituição, nove estão empregados.

Representante do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado do Rio de Janeiro (Semerj), João Roberto Moreira Alves conta que foi a partir de um decreto de 1969 que os cursos superiores de curta duração, hoje chamados de tecnológicos, começaram a ser oferecidos. O primeiro curso de formação de tecnólogo no Brasil teria sido o de Construção Civil, na Fatec, em São Paulo, naquele mesmo ano. Mas o impulso para a expansão desse tipo de graduação veio mesmo na década de 1990: “Em 1996, foram definidos os três níveis de educação profissional, sendo eles o básico, o técnico e, por fim, o tecnológico. Esse último pode se expandir em uma graduação plena ou pós-graduação”, explica João Roberto.

Hoje, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2020, são mais de 9 mil cursos tecnológicos sendo oferecidos no Brasil, em mais de 100 áreas diferentes, organizadas em 13 eixos (veja quadro abaixo). E neste ano, pela primeira vez, eles estão sendo avaliados pelo Guia da Faculdade. Conheça alguns dos melhores cursos a seguir:

As áreas dos cursos tecnológicos e exemplos de cursos

Ambiente e saúde

(Gestão Ambiental, Radiologia, Estética e Cosmética…)

Controle e processos industriais

(Sistemas Elétricos, Energias Renováveis, Automação Industrial…)

Desenvolvimento educacional e social

(Gestão Educacional, Design Educacional, Processos Escolares…)

Gestão e negócios

(Gestão de Recursos Humanos, Marketing, Processos Gerenciais…)

Informação e comunicação

(Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Jogos Digitais, Banco de Dados…)

Infraestrutura

(Gestão Portuária, Pilotagem Profissional de Aeronaves, Construção de Edifícios…)

Militar

(Meteorologia Aeronáutica, Gerenciamento de Tráfego Aéreo, Construções Militares…)

Produção alimentícia

(Agroindústria, Produção de Cerveja, Viticultura e Enologia…)

Produção cultural e design

(Fotografia, Design de Moda, Produção Multimídia…)

Produção industrial

(Produção Têxtil, Biotecnologia, Processos Metalúrgicos…)

Recursos naturais

(Mineração, Agroecologia, Produção Pesqueira…)

Segurança

(Gestão de Segurança Privada, Investigação e Perícia Judicial, Segurança do Trabalho…)

Turismo, hospitalidade e lazer

(Gastronomia, Hotelaria, Gestão de Eventos…)

As opções de titulação no ensino superior

Bacharelado – O aluno diplomado tem o grau de bacharel. Esse tipo de curso oferece uma formação generalista em uma determinada área do conhecimento, com conteúdos teóricos e práticos. É a graduação mais tradicional, que abrange um amplo leque de cursos, da Administração à Medicina;

Tecnológico – O aluno diplomado tem o grau de tecnólogo. São graduações de curta duração (dois ou três anos) e mais especializadas. O curso tecnológico de Gestão de Recursos Humanos, por exemplo, foca conceitos mais práticos de um campo específico da Administração;

Licenciatura – O aluno diplomado tem o grau de licenciado. São as graduações que credenciam os formados a atuarem como professores. As licenciaturas são oferecidas em várias áreas do conhecimento, como História, Matemática, Biologia e Educação Física.

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