Muito além da divisão entre presencial e EAD, diferentes tipos de cursos estão sendo oferecidos aos estudantes. Entenda as diferenças entre eles
Por Natália Plascak Jorge
Cursos presenciais, semipresenciais, totalmente a distância, com aulas gravadas, com aulas online ao vivo… Hoje o candidato a estudante universitário no Brasil não tem de escolher apenas a área de conhecimento na qual quer seguir carreira. Com tantas opções de modalidades e formatos de aulas, é preciso escolher também a rotina de estudo que mais se adapte ao dia a dia de cada um.
A estudante Caroline Oliveira, por exemplo, escolheu o formato de ensino a distância (EAD) com aulas gravadas, no Centro Universitário Braz Cubas. Por não ter muita disponibilidade de tempo, devido ao trabalho e às tarefas da casa, optou pelo 100% online porque queria ter maior flexibilidade para assistir às videoaulas.“Assim consigo me organizar melhor. Entendo que, no EAD, somos os protagonistas do nosso aprendizado, e o resultado final depende muito de nós”, destaca a estudante do segundo semestre de Pedagogia.
“Com a pandemia, a gente viveu a desconstrução da percepção negativa sobre o EAD, porém, ao mesmo tempo, a gente trouxe uma confusão generalizada. Não é claro para o mercado a diferença entre EAD, online, remoto, híbrido, blended, flex…”
Tatsuo Iwata, da ESPM
O fato é que essa é apenas uma das diversas possibilidades de estudo oferecidas pelas instituições. “Antes da pandemia, a legislação já permitia que o ensino presencial tivesse até 40% da carga horária não presencial, e o EAD contasse, no máximo, com 30% de presencial. O que acontece agora é que as instituições estão nomeando suas metodologias das mais variadas formas. Essa variedade é positiva em termos de flexibilidade, mas ela precisa ser muito bem apresentada ao estudante para que ele não confunda modalidade com metodologia”, explica Celso Niskier, diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes).
Tatsuo Iwata, estudioso do EAD e diretor nacional da pós-graduação e de educação continuada da ESPM, concorda, e acrescenta: “Com a pandemia, a gente viveu a desconstrução da percepção negativa sobre o EAD, porém, ao mesmo tempo, a gente trouxe uma confusão generalizada. Não é claro para o mercado a diferença entre EAD, online, remoto, híbrido, blended, flex…”.
Até o próprio MEC pode ter de rever a forma como hoje regulamenta as modalidades do ensino superior. Oficialmente, só existem duas modalidades: presencial e ensino a distância, e as variantes entre elas têm de se adequar a uma das duas opções quando a graduação é credenciada – no edital do processo seletivo da instituição, é possível verificar a modalidade oficial do curso. “O MEC tem tentado fazer algumas mudanças. Hoje, a legislação já mudou muito, mas a gente espera que avance mais. A pandemia nos levou para um outro patamar de complexidade que uma legislação de cinco anos atrás já não dá mais conta”, conclui Iwata.
Os cursos presenciais são aqueles em que alunos e professores estão no mesmo ambiente físico e ao mesmo tempo. Eles apresentam horários fixos de aula e demandam que os estudantes estejam na instituição de ensino de quatro a cinco vezes por semana.
A dinâmica desse tipo de curso se baseia no contato direto entre alunos e professores e atrai, principalmente, aqueles que preferem uma interação mais próxima com outras pessoas. É ideal para quem só estuda ou para quem estuda e trabalha, mas não tem tanta disciplina e organização para estudar sozinho.
Seguem o formato de ensino a distância e são caracterizados por serem 100% online ou manterem pouquíssimos encontros presenciais – duas vezes no semestre para a realização de provas, por exemplo.
Geralmente, esses cursos apresentam aulas gravadas e materiais de apoio como apostilas em PDF. São ideais para quem vive uma rotina diária puxada e tem disciplina para se organizar sozinho para dar conta das demandas do curso. Servem justamente para dar maior flexibilidade, com a pessoa escolhendo quando e onde estudar.
Como o nome aponta, ele combina as modalidades de ensino presencial e a distância. Pode ser um curso com origem na modalidade presencial que passou a oferecer parte da sua grade curricular a distância, como permite o MEC. Também pode ser um curso criado no formato a distância, mas que prevê uma frequência de encontros presenciais maior, podendo variar de uma a duas vezes por semana, em dias e horários fixos.
Esses cursos costumam funcionar bem para quem não pode (ou não quer) se deslocar todos os dias para a faculdade, mas não abre mão totalmente do contato com colegas e professores.
Assim como o curso semipresencial, o curso flex é caracterizado por mesclar ensino presencial e a distância. Ele é marcado pela possibilidade de fazer aulas online e atividades práticas presenciais. Algumas instituições oferecem aulas ao vivo até três vezes por semana para aproximar a turma como um todo.
Ele funciona alternando o ambiente virtual de aprendizagem e a sala de aula, e é indicado para estudantes que possuem uma rotina agitada de estudo e trabalho, têm disciplina e organização e querem manter um contato próximo com os colegas e professores com algumas atividades.
Algumas instituições têm apresentado cursos de ensino a distância com essas nomenclaturas. O grande diferencial é que eles priorizam as aulas online síncronas, ou seja, aulas que ocorrem em dias e horários marcados e são transmitidas ao vivo, permitindo uma maior interação entre alunos e professores por meio de plataformas digitais.
Algumas faculdades oferecem também o suporte de um professor principal que acompanha a turma, não um tutor, como ocorre nos cursos EAD tradicionais.