MODALIDADES DE ENSINO

Novas formas de fazer faculdade  

Muito além da divisão entre presencial e EAD, diferentes tipos de cursos estão sendo oferecidos aos estudantes. Entenda as diferenças entre eles

Por Natália Plascak Jorge

3 de novembro de 2022

Cursos presenciais, semipresenciais, totalmente a distância, com aulas gravadas, com aulas online ao vivo… Hoje o candidato a estudante universitário no Brasil não tem de escolher apenas a área de conhecimento na qual quer seguir carreira. Com tantas opções de modalidades e formatos de aulas, é preciso escolher também a rotina de estudo que mais se adapte ao dia a dia de cada um.

A estudante Caroline Oliveira, por exemplo, escolheu o formato de ensino a distância (EAD) com aulas gravadas, no Centro Universitário Braz Cubas. Por não ter muita disponibilidade de tempo, devido ao trabalho e às tarefas da casa, optou pelo 100% online porque queria ter maior flexibilidade para assistir às videoaulas.“Assim consigo me organizar melhor. Entendo que, no EAD, somos os protagonistas do nosso aprendizado, e o resultado final depende muito de nós”, destaca a estudante do segundo semestre de Pedagogia.

“Com a pandemia, a gente viveu a desconstrução da percepção negativa sobre o EAD, porém, ao mesmo tempo, a gente trouxe uma confusão generalizada. Não é claro para o mercado a diferença entre EAD, online, remoto, híbrido, blended, flex…”
Tatsuo Iwata, da ESPM

O fato é que essa é apenas uma das diversas possibilidades de estudo oferecidas pelas instituições. “Antes da pandemia, a legislação já permitia que o ensino presencial tivesse até 40% da carga horária não presencial, e o EAD contasse, no máximo, com 30% de presencial. O que acontece agora é que as instituições estão nomeando suas metodologias das mais variadas formas. Essa variedade é positiva em termos de flexibilidade, mas ela precisa ser muito bem apresentada ao estudante para que ele não confunda modalidade com metodologia”, explica Celso Niskier, diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). 

Tatsuo Iwata, estudioso do EAD e diretor nacional da pós-graduação e de educação continuada da ESPM, concorda, e acrescenta: “Com a pandemia, a gente viveu a desconstrução da percepção negativa sobre o EAD, porém, ao mesmo tempo, a gente trouxe uma confusão generalizada. Não é claro para o mercado a diferença entre EAD, online, remoto, híbrido, blended, flex…”.

Até o próprio MEC pode ter de rever a forma como hoje regulamenta as modalidades do ensino superior. Oficialmente, só existem duas modalidades: presencial e ensino a distância, e as variantes entre elas têm de se adequar a uma das duas opções quando a graduação é credenciada – no edital do processo seletivo da instituição, é possível verificar a modalidade oficial do curso. “O MEC tem tentado fazer algumas mudanças. Hoje, a legislação já mudou muito, mas a gente espera que avance mais. A pandemia nos levou para um outro patamar de complexidade que uma legislação de cinco anos atrás já não dá mais conta”, conclui Iwata. 


NOVOS E VELHOS JEITOS DE ESTUDAR 

Presencial tradicional

Os cursos presenciais são aqueles em que alunos e professores estão no mesmo ambiente físico e ao mesmo tempo. Eles apresentam horários fixos de aula e demandam que os estudantes estejam na instituição de ensino de quatro a cinco vezes por semana. 

A dinâmica desse tipo de curso se baseia no contato direto entre alunos e professores e atrai, principalmente, aqueles que preferem uma interação mais próxima com outras pessoas. É ideal para quem só estuda ou para quem estuda e trabalha, mas não tem tanta disciplina e organização para estudar sozinho. 

EAD tradicional ou online

Seguem o formato de ensino a distância e são caracterizados por serem 100% online ou manterem pouquíssimos encontros presenciais – duas vezes no semestre para a realização de provas, por exemplo.

Geralmente, esses cursos apresentam aulas gravadas e materiais de apoio como apostilas em PDF. São ideais para quem vive uma rotina diária puxada e tem disciplina para se organizar sozinho para dar conta das demandas do curso. Servem justamente para dar maior flexibilidade, com a pessoa escolhendo quando e onde estudar. 

Semipresencial

Como o nome aponta, ele combina as modalidades de ensino presencial e a distância. Pode ser um curso com origem na modalidade presencial que passou a oferecer parte da sua grade curricular a distância, como permite o MEC. Também pode ser um curso criado no formato a distância, mas que prevê uma frequência de encontros presenciais maior, podendo variar de uma a duas vezes por semana, em dias e horários fixos.

Esses cursos costumam funcionar bem para quem não pode (ou não quer) se deslocar todos os dias para a faculdade, mas não abre mão totalmente do contato com colegas e professores. 

Flex

Assim como o curso semipresencial, o curso flex é caracterizado por mesclar ensino presencial e a distância. Ele é marcado pela possibilidade de fazer aulas online e atividades práticas presenciais. Algumas instituições oferecem aulas ao vivo até três vezes por semana para aproximar a turma como um todo.

Ele funciona alternando o ambiente virtual de aprendizagem e a sala de aula, e é indicado para estudantes que possuem uma rotina agitada de estudo e trabalho, têm disciplina e organização e querem manter um contato próximo com os colegas e professores com algumas atividades.

Live ou ao vivo

Algumas instituições têm apresentado cursos de ensino a distância com essas nomenclaturas. O grande diferencial é que eles priorizam as aulas online síncronas, ou seja, aulas que ocorrem em dias e horários marcados e são transmitidas ao vivo, permitindo uma maior interação entre alunos e professores por meio de plataformas digitais.

Algumas faculdades oferecem também o suporte de um professor principal que acompanha a turma, não um tutor, como ocorre nos cursos EAD tradicionais.

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