Crédito deu tranquilidade para empresas e pessoas físicas no período mais agudo da crise
29 de outubro de 2020
Para muitas empresas e pessoas físicas sufocadas financeiramente pela crise da covid-19, os grandes bancos de varejo se tornaram um porto seguro. Além da ampla oferta de crédito, outro fator que se mostrou crucial diante da necessidade de distanciamento social foi a facilidade para obtê-lo, consequência direta de uma sólida tradição de investimentos em tecnologia.
“No ano passado, 52% das nossas operações de crédito pessoal não foram feitas com um gerente na agência, mas via celular ou no computador, pela internet. Esse índice vai aumentar este ano, e estamos preparados para novos saltos”, prevê Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco.
Com a trajetória marcada pelo pioneirismo em adotar computadores no Brasil e no desenvolvimento de sistemas online para a realização de operações bancárias, o Bradesco disponibiliza hoje aos clientes a possibilidade de realizar, pelo celular, operações de crédito pessoal parcelado em 6, 12 ou 24 vezes.
A cultura de relacionamento online entre bancos e clientes está ganhando novo impulso em decorrência da pandemia. Pesquisa divulgada em setembro pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelou que, das pessoas que já usam internet banking, 35% preveem que, após a pandemia, terão aumentado em definitivo a intensidade do uso. Outras 56% deverão permanecer no mesmo patamar, enquanto apenas 9% projetam reduzir a frequência de utilização em comparação com a do período pré-pandemia.
Demanda normalizada
“O mais importante é que conseguimos dar tranquilidade e segurança às pessoas e às empresas num momento horrível”, diz Lazari. No primeiro semestre, o Bradesco postergou R$ 61 bilhões em operações de crédito, num total de 1,9 milhão de contratos. No segundo trimestre, a carteira de crédito do Bradesco totalizou R$ 661,1 bilhões, crescimento de 14,9% em um ano.
Os empréstimos a empresas cresceram 2,2% no segundo trimestre sobre o primeiro, e 16,4% na comparação com o segundo trimestre de 2019. Nesse mesmo período, a carteira de pessoa física teve alta de 12,3%.
Para Lazari, a crise sanitária mostrou que os bancos brasileiros estão muito bem capitalizados e têm provisões suficientes. “No início da pandemia, passamos – e não apenas o Bradesco, mas também o Itaú e o Santander – quatro dias em uma loucura desenfreada porque as empresas queriam tomar crédito para se preservar, mesmo que não precisassem”, ele descreve.
Os pedidos no banco de atacado e das médias e grandes empresas saltaram de R$ 2 bilhões para R$ 20 bilhões por dia. “Veio todo mundo ao mesmo tempo, mas com o passar dos dias voltamos à normalidade e não há mais excesso de demanda. Agora, nós é que estamos ligando para as empresas”, diz o presidente do Bradesco.
O banco adotou como diretriz a prática e taxas de juros e spreads compatíveis com a redução da Selic e os níveis de antes da crise. “Não existe preocupação em relação à liquidez dos bancos, mas certamente estamos preocupados em olhar operações de crédito. Já estamos fazendo muitas operações que chamamos de reorganização financeira, vendo os prazos que as empresas precisam e dando carências de, no mínimo, seis meses”, descreve Lazari.
“Veio todo mundo ao mesmo tempo, mas com o passar dos dias voltamos à normalidade e não há mais excesso de demanda. Agora, nós é que estamos ligando para as empresas.”
Octavio de Lazari Junior
Presidente do Bradesco
Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco
Preservação da vida, segundo presidente do Bradesco, é o que existe de mais básico para o ser humano
Qual a sua análise geral do período de pandemia para o Bradesco?
O Bradesco mostrou ser parte da solução dos problemas que estão sendo enfrentados por toda a sociedade nesta pandemia. Ficou provado que não havia e não há uma crise financeira, mas sim um grande problema de saúde, de vida, de sobrevivência. Fomos pegos de surpresa, como todo mundo, mas aprendemos a ser ainda mais ágeis e próximos dos nossos clientes.
Crescemos sem abrir mão da nossa maior missão como banco que tem compromisso com seus clientes, acionistas, parceiros de negócios e com o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Em termos de mudanças nas dinâmicas do trabalho, o que vai ficar no pós-pandemia?
Como somos uma atividade essencial e, ao mesmo tempo, temos a vontade e a obrigação de preservar a saúde e o bem-estar de todo o nosso pessoal, realizamos uma adaptação forte, mas rápida e segura a esse novo momento.
Criamos um programa de atenção individual a cada funcionário, com uma equipe multidisciplinar que incluiu médicos, psicólogos e profissionais de outras áreas. Estabelecemos um rodízio nas agências, mesclando semanalmente trabalho presencial e virtual, e em poucas semanas instalamos mais de 90% do nosso pessoal administrativo em home office.
Achávamos que esse processo seria mais lento, mas foi veloz e tranquilo, mesmo sendo grandioso. Provamos ser um time que atua unido em qualquer terreno.
Tivemos uma resposta positiva nas duas mãos, tanto em termos de ganhos de produtividade quanto em matéria de segurança para o nosso pessoal. Sairemos da pandemia, sem dúvida, com mais funcionários em home office do que antes dela, e ainda estamos avaliando como será a volta ao trabalho presencial.
Como foi a sua jornada pessoal em meio a tudo isso?
A exemplo de cada um de nós, tenho aprendido muito nesse processo. O apoio da família e da equipe tem sido fundamental nessa caminhada, com boa saúde até aqui.
No banco, assim que a OMS declarou a pandemia, instituímos um comitê emergencial formado por Conselho de Administração, presidente, vice-presidentes, diretores e diretoras com o intuito de organizarmos os esforços e monitorarmos cada situação em particular, adaptando o funcionamento da nossa organização e o atendimento aos nossos clientes a cada momento, todos os dias.
Eu também entrei no sistema de rodízio semanal entre trabalho presencial e home office. Esse primeiro momento foi o mais impactante, porque as preocupações se somaram e iam, e ainda vão, dos familiares aos colegas de trabalho, passando pelas atenções às dificuldades dos clientes e de toda a sociedade.
A transparência na comunicação interna tem feito a diferença no sentido da orientação e da segurança ao time. Passei uma mensagem a toda a equipe mostrando nossa preocupação em relação à covid-19, recomendando sabedoria, serenidade e atitude para o seu enfrentamento. Frisei que a informação confiável seria fundamental para que pudéssemos superar o momento da melhor maneira possível.
Em casa, a unidade só se fortaleceu, cercada pelos cuidados que sabemos estarem sendo tomados em milhões e milhões de lares. Cada vida perdida tem de ser lamentada, e infelizmente já foram mais de 150 mil em todo o Brasil. Sairemos dessa crise de saúde mais solidários e melhores como seres humanos.
Qual o seu principal aprendizado pessoal trazido pela pandemia?
Passei a ter uma clareza muito grande sobre aquilo que há de mais básico para o ser humano: a preservação da vida. Aprendi também a viver com mais intensidade um dia de cada vez, aproximando presente e futuro. Ficou também a lição de repensar hábitos de consumo, com foco no que é efetivamente necessário.
Para a sociedade, acredito, o grande ensinamento está em criar um modo de vida mais sustentável para as futuras gerações. Isso passa por respeito e solidariedade maiores entre as pessoas, revalorização de cada oportunidade que se apresenta e maior retribuição ao que a vida nos oferece.