30 de abril de 2019
Aplicação na Bolsa rende três vezes mais do que na poupança; confira quanto renderia investimento de R$ 10 mil no prazo de um ano
Com a Selic, taxa básica de juros, no menor patamar histórico, os brasileiros estão buscando alternativas para conquistar melhor rentabilidade nos seus investimentos. Nesse sentido, a renda variável tem sido grande aliada dos aplicadores. Para se ter uma ideia, o Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) apresentou valorização de 15% em 2018, enquanto o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) acumulou 6,4% e a poupança, 4,5%. Significa dizer que quem investiu R$ 10 mil em ações teve um retorno de R$ 1.500, ao passo que, em uma aplicação que remunere 100% do CDI, foi de R$ 640 e na poupança, R$ 450, conforme calcula o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.
O cenário continua em expansão para o mercado de ações. “Se você tivesse investido R$ 10 mil na Bolsa no último dia de 2018, teria hoje R$ 10.913; em um título do governo com vencimento em 2022, mas com liquidez diária, teria R$ 10.340; e, se fosse investido em alguma aplicação que remunerasse 100% do CDI, R$ 10.196”, calcula o economista Roberto Dumas.
Para especialistas, os cenários econômico e político ainda causam incerteza quanto ao crescimento do País, mas a tendência é que os investimentos em ações mantenham bons resultados no decorrer deste e dos próximos anos. “Vamos crescer, ainda que pouco, e, mesmo que a expansão seja pequena, a Bolsa vai atingir novos recordes históricos”, diz o professor Viriato ao comentar que, com taxa de juros baixa, é um bom momento para os investimentos em renda variável, mas é necessário estar atento aos riscos. “O principal risco seria uma não aprovação da reforma da Previdência”, diz.
Depois de acordo feito entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a reforma da Previdência deu os primeiros passos na semana passada, levando a B3 (Brasil Bolsa Balcão) a fechar a semana na marca de 96 mil pontos.
O sobe e desce da Bolsa, no entanto, não deve ser motivo de preocupação para os investidores. Conforme explica o professor Viriato, a cautela é importante, mas não se pode deixar contaminar pelos rumores nem se desfazer dos papéis devido às oscilações do mercado. “Até a aprovação da reforma, haverá muito ruído no mercado e isso pode levar a quedas bruscas no valor das ações e muita gente acaba se desafazendo dos papéis no momento errado”, comenta Viriato.
O professor Estevão Garcia de Oliveira Alexandre, coordenador de cursos da Faculdade Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), considera que os riscos podem ser minimizados com o auxílio de uma corretora registrada e experiente. “Ter ao seu lado pessoas preparadas e que saibam das questões fundamentais do mercado contribui para melhor resultado”, diz o professor ao lembrar que nomes como Warren Buffett e Jorge Paulo Lemann alcançaram os postos de maiores investidores do mundo com muito estudo e conhecimento do mercado.
Parte do que levou o investidor americano ao sucesso nos seus investimentos é revelada ao público no livro Warren Buffett– Lições do Maior de Todos os Investidores. Hoje bilionário, Buffett começou a carreira profissional em 1951, como funcionário da Buffett-Falk e Co. Depois se tornou vendedor da Graham-Newman Corp. Só em 1956, com uma poupança pessoal de US$ 174 mil, ele iniciou a Buffett Partnership, empresa de investimentos situada em Omaha. Seis anos depois, em 1962, Buffett tornou-se milionário. De lá para cá, seus investimentos aumentaram assim como a sua fortuna pessoal, o que o levou a entrar na lista dos homens mais ricos do mundo pela revista Forbes.
Sonho Grande é o nome do livro que conta a história de Lemann e seus sócios. Lançado em 2013 e escrito pela jornalista e palestrante Cristiane Correa, foi inspirado em um dos lemas de Lemann: “Sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno”. O livro está na lista dos recomendados pelo bilionário Buffett. Em 2019, foi considerado pela Forbes como o segundo homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 22,8 bilhões.
O professor Alexandre considera que todo momento é apropriado para investir no mercado de capitais. “O brasileiro está acostumado com juros altos e, neste novo cenário, é natural buscar outros ativos mais rentáveis. O importante é sempre olhar um horizonte de longo prazo quando se fala em investimentos em renda variável”, aconselha. De acordo com ele, há dois produtos principais quando se fala em renda variável: fundo de ações indexados a índices como o Ibovespa ou a algum setor e o investimento direto em ações. “O primeiro passo é se cadastrar em uma corretora. Ela vai te auxiliar a escolher o modelo mais indicado para o seu perfil”, aconselha.
Cresce número de aplicadores da Bolsa
O número de investidores que têm ativos na B3 (Brasil Bolsa Balcão) saltou de 85 mil pessoas físicas em 2002 para 982 mil em março deste ano. Apesar do crescimento no número de investidores no mercado de ações, os brasileiros ainda usam a caderneta de poupança como sua principal estratégia para guardar recursos, ainda que o retorno fique bem próximo da inflação.
“A inflação, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), está em 3,85% e a poupança, em 4,5%, ou seja, bem próximo da inflação”, explica o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, ao lembrar que a melhor estratégia é diversificar os investimentos e manter em aplicações mais conservadoras recursos que serão usados em curto prazo.
Durante o congresso sobre fundos de investimentos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), o representante da entidade Aquiles Mosca citou que 70% dos recursos destinados a investimentos vão para a poupança, 25% para o que não é investimento financeiro e só 5% vão para os demais investimentos, como ações, Tesouro Direto, bitcoin e fundos de investimento.
“Todo momento é apropriado para investir em Bolsa de Valores, porque você está colocando seus recursos em empresas que geram lucro, dividendos e têm valorização. Basta se preparar e se cercar de pessoas que ajudem na definição do que é melhor para você”, finaliza o professor Estevão Garcia de Oliveira Alexandre, coordenador de cursos da Faculdade Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras).