Sob o efeito da retração econômica
- 1º SANTANDER LEASING
- 2º BB – LEASING
- 3º CCB BRASIL LEASING
Concentração de negócios em pessoas jurídicas de grande porte, um pouco menos afetadas pela crise, garantiu a liderança ao Santander
Com os efeitos da crise econômica ainda afetando fortemente a demanda por leasing (arrendamento mercantil), as instituições líderes no ranking do setor conseguiram, na melhor das hipóteses, manter a operação no mesmo patamar. Ainda não foi em 2017, com o Produto Interno Bruto (PIB) subindo apenas 1% após dois anos consecutivos de forte recuo, que a atividade reverteu o quadro de menor demanda por arrendamento mercantil. Segundo dados compilados pela Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), a carteira de crédito em dezembro de 2017 estava em R$ 12,02 bilhões, uma queda de 14% sobre 2016, ano que já havia registrado baixa de 21% sobre 2015. Nesse cenário, a manutenção da estratégia focada na pessoa jurídica, em especial nas grandes empresas, se mostrou acertada e garantiu o primeiro lugar na categoria Leasing do anuário Finanças Mais para o Santander Leasing.
“A estratégia ficou inalterada, somos focados em corporate, empresas com mais de R$ 200 milhões de faturamento e com regime tributário no lucro real, segmento mais estável, o que nos ajuda neste momento de mercado contraído”, explica Paula Pulcinelli, superintendente de Produtos do Santander, cuja operação de leasing praticamente não atende pessoa física. O Santander apresentou, em 2017, a melhor rentabilidade sobre o patrimônio, de 8,2%, quase o dobro da verificada no segundo colocado no ranking, o BB Leasing (4,9%), e bem superior à do terceiro, o CCB Brasil Leasing (3,9%). A rentabilidade do setor como um todo, em 2017, foi de 4,7%, conforme os balanços financeiros analisados pela Austin Rating, responsável pela organização dos rankings de Finanças Mais.
“Se pensarmos que 2017 foi um ano em que o leasing recuou, nossa carteira foi bem e ainda conseguimos ganhar posições no mercado”, comenta Paula Pulcinelli. Em 2017, segundo levantamento realizado pela Abel, o Santander fechou com 15,70% de participação, no segundo lugar, 1,3 ponto acima de 2016. “Temos um grupo de empresas-clientes cuja frota precisa ser mantida, o que colabora bastante neste cenário”, explica Paula Pulcinelli. O segmento de veículos passou de 43% para 48% de participação na carteira de leasing do Santander. Máquinas e equipamentos, segmento mais afetado pela recessão econômica dos últimos anos, caiu de 57% para 52%, o que espelha a retração na indústria.
O desempenho do Santander Leasing nos demais indicadores, mesmo com recuo ou estabilidade, foi bem superior ao do BB Leasing e ao do CCB Brasil. A carteira de crédito fechou em dezembro de 2017 a R$ 1,88 bilhão, discreto recuo sobre 2016. No BB, houve queda forte na carteira, na mesma base de comparação, com baixa de 48%, a R$ 155 milhões. No CCB Brasil, do China Construction Bank Brasil — instituição formada em 2014 a partir da aquisição do BicBanco pela instituição financeira asiática —, a carteira em dezembro de 2017 estava em R$ 32 milhões, 39% menor que em igual período do ano anterior. Mesmo descolamento entre os concorrentes e o Santander Leasing ocorre no critério lucro líquido — R$ 479 milhões, 9% inferior ao de 2016. No BB Leasing, a queda foi bem maior, de 17%, a R$ 225 milhões, enquanto a maior baixa foi registrada pelo CCB Brasil, de quase 50% na comparação anual, a R$ 10 milhões. O lucro do setor como um todo foi de R$ 2,07 bilhões, recuo de 7,4% na comparação anual.
Além do lento processo de recuperação econômica, que reduz a busca por leasing principalmente de máquinas e equipamentos, outro fator vem causando insegurança no setor. A executiva do Santander comenta o peso da decisão do governo de mudar a tributação para o leasing, que, mesmo suspensa por força de liminar, afeta a estratégia das empresas. O governo decidiu cobrar o Imposto Sobre Serviços (ISS) na sede de quem contrata o leasing, e não de quem fornece. “Quando deixa de cobrar o ISS no município de quem fornece o leasing, no caso do Santander, em São Paulo, a alíquota pode subir de 2% para até 5%, dependendo de onde está sediado o contratante”, explica Paula Pulcinelli. “No município que cobra alíquota maior, de 5%, o leasing fica praticamente inviável, deixa de fazer sentido para as empresas”, diz, citando cidades importantes como Fortaleza (CE), Recife (PE), Ribeirão Preto e Campinas, ambas no interior paulista, que cobram o imposto maior.
“Nós, do Santander, estamos apoiando a Abel, que tenta reverter em definitivo essa mudança que tem impacto elevado no segmento de leasing, uma dificuldade extra, em um momento já bastante desafiador”, diz Paula Pulcinelli, lembrando que o fato de o Santander ter uma carteira bastante pulverizada reduz um pouco o impacto caso a liminar caia. “Estamos indo bem em 2018. Crescendo a carteira corporate, foco que será mantido.”
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