27 de junho de 2019
Apesar de 0,05 ponto percentual parecer pouco, a queda no custo é representativa por se tratar de produto de longo prazo
A busca por maior retorno nos investimentos financeiros tem levado muitos brasileiros a trocar a caderneta de poupança pelo Tesouro Direto. A boa notícia é que, desde o início deste ano, os custos para aplicar nessa modalidade estão menores, contribuindo, assim, para aumentar os rendimentos das aplicações. Isso ocorre porque a taxa de custódia (tarifa cobrada pela guarda dos títulos) para investir no Tesouro Direto caiu de 0,30% para 0,25%. “Essa redução significa que vai aumentar a rentabilidade líquida e isso torna o Tesouro mais atrativo”, destaca o professor da Saint Paul Escola de Negócios, Alan Ghani.
O professor calcula que em um investimento de R$ 100 mil, por exemplo, a taxa cobrada cairá de R$ 300 por ano para R$ 250. Apesar de o valor não parecer alto, conforme comenta Ghani, em vez de desembolsar R$ 50, o poupador terá mais R$ 50 na conta. Em cinco anos de investimento, estaríamos falando de R$ 250 a mais na conta do investidor. “Considerando que os investimentos são de longo prazo e os juros incidem sobre juros, a redução da taxa pode ser mais representativa no fim do período”, diz o economista Danilo Oliveira.
Algumas corretoras também deixaram de cobrar taxas pela gestão dos títulos. “Em alguns casos, estamos falando em quase 0,5% a menos de custos juntando as duas taxas”, diz o professor ao afirmar que isso significa quase 10% do rendimento anual da poupança, que atualmente está em 4,55% ao ano.
Além disso, como a taxa é aplicada sobre o montante total investido e o estoque do programa está em R$ 59,2 bilhões, essa diminuição representará, para o mais de 1 milhão de investidores ativos, uma economia somada de aproximadamente R$ 29 milhões por ano. “Assim, o Tesouro Direto, que já é um dos produtos de investimentos mais rentáveis disponíveis no mercado para o investidor pessoa física, estará ainda mais atraente”, divulgou o Tesouro Nacional à época da redução. Segundo o órgão, a diminuição da taxa resulta de um processo contínuo de análise dos custos de manutenção e aprimoramento do programa, conduzido pelo Tesouro Nacional e pela B3, que em conjunto operacionalizam o Tesouro Direto.
Desde a criação do programa de investimento em 2002, várias mudanças foram adotadas, como a simplificação dos nomes dos títulos, a implantação da liquidez diária, a ampliação do horário de resgates, o lançamento do simulador e a criação do aplicativo. “Essas mudanças contribuíram para o aumento da base de investidores e do estoque financeiro do programa, o que por sua vez permitiu a redução da taxa de custódia cobrada do investidor.”
As iniciativas do Tesouro Direto visam cada vez mais ampliar o acesso e a democratização ao programa, o que se reflete, por exemplo, no aumento da quantidade de operações de investimento de até R$ 1 mil, que em abril deste ano responderam por 64,3% do total de aplicações.
O economista Danilo Oliveira explica que dentro do Tesouro existem vários tipos de títulos com remunerações diferentes. “A escolha vai depender do perfil de cada investidor e no site do Tesouro Nacional é possível responder a algumas questões e, assim, saber qual o seu perfil”, ensina Oliveira. É possível escolher entre títulos prefixados, indexados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e indexados à taxa Selic.
Esperar o prazo de vencimento do título garante o rendimento acertado quando da compra do papel. No entanto, isso não é uma regra. “O Tesouro garante a recompra a qualquer momento com taxa de mercado, o que pode ocasionar uma valorização maior do papel, podendo proporcionar ganhos acima do que os contratados em algumas situações”, diz o professor Alan Ghani ao lembrar que este ano em apenas um mês os títulos chegaram a ter valorização de até 5%.