O Brasil vive, no início de 2019, uma grande expectativa de retomada econômica. Com um governo alinhado ao mercado e a bolsa em franco crescimento, chegou a hora de tirar as economias da poupança e começar a investir. E, diferentemente do que se acredita, não é preciso ser um expert em finanças para fazer seu dinheiro render. É preciso, no entanto, conhecer qual perfil de investimento mais se encaixa na sua realidade.

Para isso, consultorias, corretoras e bancos realizam entrevistas e questionários prévios com seus clientes, segundo as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para traçar um perfil de investidor. Ricardo Hiraki, administrador e consultor financeiro da Plano Consultoria, conta que é necessário “entender o perfil de cada cliente para indicar investimentos adequados e explicar o que está sendo proposto”. Na prática, existem três categorias básicas: conservador, moderado e arrojado.

Mas como avaliar isso? Durante esse primeiro contato, o profissional procura entender qual é o objetivo do cliente, a necessidade de liquidez, a capacidade de absorver riscos, o conhecimento sobre mercado, entre outros fatores. Tudo isso ajuda no desenvolvimento do desenho de uma carteira de investimentos apropriado para o bolso e as expectativas do investidor.

Bolsa brasileira representa uma classe de ativos atrativa

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CONHEÇA SEU PERFIL

PERFIL CONSERVADOR
“Quando uma criança nasce nos Estados Unidos, a primeira coisa que os pais fazem é comprar uma ação; aqui, colocam esse dinheiro na caderneta de poupança”, diz Renan Calamia, economista-chefe do grupo Crédito e Mercado. É dessa condição que parte uma grande fatia do primeiro grupo dos empreendedores brasileiros. Dinheiro guardado, encolhendo perante a inflação.

Com isso, os “conservadores” formam a base da pirâmide. Investidores que não querem, por perfil, ou não podem, por segurança, correr muitos riscos. Costumam investir grande parte de seu capital, se não a totalidade, em renda fixa. É o espaço adequado para quem está começando a investir, e também para quem busca retorno, mesmo que menor, a curto prazo.

Índice
Busca investimentos conservadores que permitam algum ganho constante acima da inflação

Tolerância
Vai perder noites de sono caso o rendimento do seu investimento caia

Situação financeira
Vai investir um dinheiro que pode precisar se tiver uma emergência

Objetivo/Prazo
Se o seu objetivo atrasar ou for alterado, isso terá um efeito grave

Conhecimento sobre o Mercado
Está começando sua educação financeira, não conhece os índices e não sabe onde se informar

PERFIL MODERADO
Aqui encontramos os fiéis da balança quando o assunto é investimento. Trata-se da parcela de investidores normalmente mais habituados ao mercado financeiro, com um tempo maior de maturação, e com propensão maior para assumir alguns riscos. A renda fixa continua sendo boa parte na carteira de investimentos, mas começam a surgir também ativos de renda variável.

A ideia é extrapolar um pouco as margens de retorno, podendo também demorar um pouco mais para obter o porcentual desejado. Com isso, é natural que tenham um portfólio de investimentos mais robusto e variado que o primeiro grupo. Em relação aos players mais agressivos, Renan Calamia explica que “a diferença para o perfil arrojado é onde os clientes moderados assumem esse risco”.

Índice
Aceita ganhos pontuais abaixo da inflação para buscar rendimentos maiores no longo prazo

Tolerância
Consegue lidar com algumas perdas, desde que moderadas

Situação financeira
Vai investir um dinheiro, mas tem uma reserva a que pode recorrer em emergências

Objetivo/Prazo
Tem flexibilidade no valor que precisa para o seu objetivo ou pode esperar mais, sem grandes consequências

Conhecimento sobre o Mercado
Entende alguns índices, acessa algumas fontes oficiais de informação e se dedica para aprender mais

PERFIL ARROJADO
O grupo mais preparado para lidar com perdas e, em sua grande maioria, mais entendido de mercado para minimizá-las. Aqui, o tempo normalmente deixa de ser um fator relevante, desde que os ganhos compensem. Investimentos a longo prazo, renda fixa e variável, títulos pré e pós-fixados. Uma carteira diversificada e com grandes margens de lucro.

Para Renan Calamia, do grupo Crédito e Mercado, é uma categoria composta por players mais experientes. “Se passarem por um mês em que a bolsa ou suas ações não tiveram bons retornos, não vão se desesperar”, argumenta. A grande sacada aqui é ter repertório de mercado para saber jogar o jogo econômico e otimizar resultados.

Índice
Quer maximizar o potencial de ganho, mesmo estando exposto a cenários de rendimento negativo

Tolerância
Fica tranquilo com perdas, mesmo do capital principal, confiante que a sua decisão te fará ganhar no longo prazo

Situação financeira
Vai investir, mas tem seguros e outros recursos que te dão segurança em qualquer eventualidade

Objetivo/Prazo
Tem bastante tempo para atingir seu objetivo

Conhecimento sobre o Mercado
Entende sobre vários índices, conhece diferentes fontes de informação, sabe analisar o mercado

CENÁRIO MACROECONÔMICO
Para investir com segurança, vários fatores entram na equação. E tudo começa com o momento econômico que o País atravessa e as medidas governamentais adotadas no campo. Renan Calamia vê a atual equipe do ministro da Economia Paulo Guedes realizando mudanças estruturais que irão alavancar um crescimento estável e duradouro. “Hoje a gente tem um discurso institucional bastante alinhado com o mercado”, diz. O economista espera, no entanto, um crescimento gradual e estável da economia nacional, “e não uma explosão, que acontece com gastos de governo”.

Uma dessas variáveis é a taxa de juros, que se encontra numa mínima histórica em termos de Brasil. Para Ricardo Hiraki, a tendência é de que esse valor evolua um pouco durante o ano com a recuperação da economia e a consequente geração de empregos, que inevitavelmente gerará inflação. O administrador espera que a taxa fique entre os 7 e 8 pontos porcentuais até o fim de 2019. Outras condicionais de crescimento são a Bolsa de Valores brasileira, B3 – Brasil, Bolsa, Balcão, que tem registrado altas sucessivas, e o índice Ibovespa, que tem se aproximado dos 100 mil pontos. Calamia argumenta que a bolsa brasileira é uma classe de ativos extremamente interessante para os investidores.

“É como uma bola de neve, quanto mais se valoriza, mais atrativa ela fica”, opina. O mercado externo pode influenciar a retomada brasileira. Hiraki afirma que é preciso ficar de olho na relação comercial da dupla Estados Unidos e China, para que a “guerra fria” vigente não se torne um problema real. Apesar disso, ele acredita que, assim como no recuo do aumento triplo da taxa de juros do Fed em 2019, Donald Trump não colocará sua economia em risco batalhando com outra potência mundial. E, além disso, vê com bons olhos a aproximação do mandatário norte-americano com o brasileiro.