Disputa por um mercado cada vez menor
Com a economia brasileira mergulhada na pior recessão da sua história – e recuo no Produto Interno Bruto (PIB) de 3,6% em 2016 -, é natural que atividades voltadas quase que exclusivamente para o segmento empresarial tenham sofrido tanto nos últimos anos. É o caso do arrendamento mercantil, ou leasing, que vem registrando recuos sucessivos nos volumes emprestados ano a ano. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), a carteira de crédito em dezembro de 2016 estava em R$ 14,09 bilhões, queda de 21% sobre 2015, ano que já havia registrado baixa de 20% sobre 2014.
O Safra Leasing, do Grupo Safra, primeiro no ranking de Finanças Mais, fornece contratos de arrendamento mercantil de automóveis, caminhões e tratores, além de máquinas e equipamentos para empresas. Foi o que registrou melhor retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), de 10,8%. Ficou discretamente à frente do segundo e do terceiro colocados no ranking, o Santander Leasing, com 9,3% de ROE, e o CCB Brasil, com 8,1%, respectivamente.
A área de leasing do Safra fechou 2016 com patrimônio líquido (PL) de R$ 604 milhões, alta de 12,59% entre 2016 e 2015. A receita com intermediação financeira também avançou na mesma base de comparação, a R$ 2,93 bilhões, com variação de 6,28%. Embora o resultado final da operação seja positivo, o Safra Leasing não escapou de sofrer as consequências de um mercado cada vez menor, fechando 2016 com R$ 1,1 bilhão na carteira de crédito (a quinta maior do mercado, segundo a Abel), recuo de 24,67% sobre dezembro de 2015. O lucro líquido também caiu, 16,6%, para R$ 65 milhões.
No Santander, a carteira de crédito ficou praticamente inalterada entre 2015 e 2016, com discreto recuo de 1,59%, a R$ 2,093 bilhões em dezembro. Nos últimos anos, a carteira de leasing do Santander vem ganhando posições relativas: era a quarta maior em 2014, passou à terceira colocação em 2015 e fechou no segundo posto em 2016, embora o mercado como um todo venha recuando. “Tivemos produção 7% maior que em 2015, com incremento principalmente no segmento de grandes empresas. A estabilidade na carteira ficou dentro do planejado”, comenta Marcelo Aleixo, superintendente executivo de Micro, Pequenas e Médias Empresas do Santander. O lucro líquido da área de leasing fechou o ano com R$ 527 milhões, avanço de 5,82%.
Também ajudou a compor o bom desempenho da área, segundo Aleixo, o trabalho para manter a inadimplência sob controle. “Os indicadores de inadimplência melhoraram em função da nossa atuação renegociando contratos para evitar atrasos e da adequação da operação ao fluxo de pagamento da empresa”, diz o executivo. Os principais clientes da área de leasing do Santander são do segmento corporate, com faturamento acima de R$ 200 milhões. A carteira do Santander, que não faz leasing para pessoa física, está dividida em 43% para veículos e 57% para demais bens.
Já o CCB Brasil Arrendamento Mercantil, do Grupo China Construction Bank – instituição formada em 2014 a partir da aquisição do Bicbanco pelo conglomerado chinês -, tem a menor operação entre os primeiros colocados do ranking, mas com melhora significativa no resultado final. O lucro líquido do CCB Brasil, em 2016, foi de R$ 20 milhões, 42,85% sobre 2015. A receita com intermediação financeira avançou 71%, a R$ 36 milhões. Sua carteira de crédito, porém, fechou 2016 bem mais enxuta, com R$ 53 milhões, queda de 50%.
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