Fintechs ganham espaço com expansão de operações digitais
Num momento em que os clientes usam cada vez menos as agências físicas e os bancos fortalecem suas operações digitais, as fintechs – startups da área financeira — ganham espaço no mercado brasileiro.
Segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as transações realizadas pelo celular (mobile banking) já são o principal canal de relacionamento entre clientes e instituições financeiras. Ao longo de 2016 foram realizadas 21,9 bilhões, alta de 96% em relação ao ano anterior. Isso representa 34% do volume total de operações bancárias. Logo atrás vêm os negócios feitos pela internet (internet banking), com 23%.
É nesse ambiente de permanente avanço tecnológico e uso das ferramentas eletrônicas que as fintechs vêm se consolidando como importantes parceiras das instituições financeiras. Não à toa, os maiores bancos do País já criaram as suas. Em 2015, o Itaú, em parceria com o Redpoint e.ventures, um grande fundo de capital empreendedor, trouxe à tona o Cubo, espaço de trabalho colaborativo direcionado a startups que desenvolvem tecnologia.
O Santander, por sua vez, anunciou em maio de 2017 que a Superdigital, fintech adquirida pelo banco em 2016, alcançou a marca de 1 milhão de clientes. Os usuários da plataforma podem, entre outros serviços, fazer e receber transferências de bancos, recarregar celulares pré-pagos e cartões de transporte público, pagar contas, fazer saques nacionais e internacionais e realizar compras online ou em lojas físicas. Para utilizar a Superdigital, basta baixar o aplicativo e criar um perfil.
O Bradesco, último dos grandes bancos privados a anunciar uma plataforma 100% digital, dedicou aproximadamente dois anos para desenvolver o Next. Anunciado na primeira semana de junho de 2017, usará parte da estrutura do banco. Terá cerca de 100 funcionários e será abrigado em um dos andares da sede da instituição financeira. Além de ofertar produtos e serviços do próprio Bradesco, o Next terá como foco oferecer o que o cliente precisa, sem que tenha necessidade de ir a uma agência.
Na avaliação de especialistas, o uso de plataformas digitais na relação entre clientes e bancos veio para ficar. É uma tendência e, portanto, atinge não apenas gigantes de varejo, mas também instituições de médio porte. Por isso, bancos como Inter, Sofisa, Original, Pan e BMG têm investido de diferentes formas em canais eletrônicos.
“Os bancos de menor porte sabem que a consolidação do setor vai caminhar junto com a inovação e envolve a relação com o acesso ao mundo digital. A relação comercial passa pelos bancos e a inovação, pelas fintechs”, afirma Ricardo Gelbaum, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, tem opinião semelhante. Ele pondera que as startups não vão tirar espaço dos bancos, mas auxiliá-los a prestar melhores serviços a custos mais baixos.
“Todo movimento financeiro passa, em algum momento, por instituições financeiras e isso deve continuar acontecendo. O que as fintechs fazem é permitir que a inovação aconteça de forma cada vez mais rápida, o que ajuda os bancos a gerar eficiência e poder reduzir tarifas.”
ESPAÇO PARA CRESCER
Além das startups desenvolvidas por instituições financeiras, há também aquelas que atuam de forma independente, fornecendo produtos e serviços para todo o mercado bancário.
Um bom exemplo disso é a F(x), fintech que criou uma plataforma de crédito online para empresas cujo objetivo é servir de intermediário entre companhias que buscam empréstimos e bancos financiadores. A ferramenta funciona com uso de inteligência artificial. Um algoritmo trabalha com combinações que tentam apontar para os clientes em quais instituições financeiras têm mais chances de conseguir levantar recursos.
“Para os bancos, é um bom negócio, porque traz clientes com o perfil desejado. Para as empresas, a vantagem é a redução da burocracia e o aumento do sucesso na busca por crédito”, explica Dan Cohen, presidente da empresa. Atualmente, 60 bancos estão na plataforma. A busca de crédito, que inclui todas as empresas que pretendem obter financiamentos, totaliza R$ 350 milhões.
AS FINTECHS DOS BANCÕES
CUBO
Criada em 2015 pelo Itaú em parceria com o Redpoint e.ventures, um grande fundo de capital empreendedor, consiste num espaço de trabalho colaborativo direcionado a startups que desenvolvem tecnologia.
SUPERDIGITAL
Adquirida pelo Santander em maio de 2017, já alcançou a marca de 1 milhão de clientes, que podem fazer e receber transferências de bancos, recarregar celulares pré-pagos e cartões de transporte público, pagar contas, fazer saques nacionais e internacionais e realizar compras online ou em lojas físicas.
NEXT
Fruto de dois anos de desenvolvimento pelo Bradesco, entrou em operação em junho de 2017, para ofertar produtos e serviços do próprio Bradesco, sem que o cliente tenha de ir a uma agência.