Disposição para o risco
As financeiras atuam em ramos de risco elevado, como empréstimo para consumidores com problemas de crédito
As financeiras, como são popularmente conhecidas as empresas com atuação exclusiva na concessão de crédito para aquisição de bens, serviços e para capital de giro, costumam atuar em nichos menos assistidos pelos bancos, como financiamentos de risco mais elevado: para veículos usados e para consumidores com problemas de crédito, por exemplo.
Essa capacidade de assumir riscos maiores é um dos motivos de sucesso da operação da Crefisa, a primeira colocada no ranking de Finanças Mais. Mesmo na crise econômica, seu lucro líquido bateu em R$ 1,1 bilhão em 2016. Já a carteira de crédito caiu 7%, para R$ 2,03 bilhões, enquanto os ativos totais subiram 18%, para R$ 4,38 bilhões. Nas financeiras, para compensar o risco alto da operação, as taxas de juros cobradas são normalmente mais altas que as dos bancos tradicionais.
Comandada pelo casal José Roberto Lamacchia e Leila Mejdalani Pereira, respectivamente fundador e presidente da instituição, a Crefisa alcança retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) superior ao de grandes bancos. O ROE da Crefisa recuou de 36% em 2015 para 28,4% em 2016, ainda assim acima de gigantes como Bradesco, com 17%, ou Itaú, perto de 20%.
Leila afirma que, em 2016, a Crefisa superou todas as metas traçadas para o ano: “Essa vitória da instituição, mesmo em um momento de crise e incerteza, mostra a capilaridade e a forte abrangência nacional da marca”. Entre as linhas de negócio da Crefisa estão crédito pessoal, antecipação de 13º salário e de imposto de renda, além de cartão magnético.
Com lucro estável em 2016 na casa dos R$ 23 milhões, a segunda colocada, Kredilig, foi constituída em 2003 pelos mesmos acionistas da varejista catarinense Lojas Koerich. Oferece soluções em carteiras de crédito, financiamento e investimento. Inicialmente atendia apenas aos clientes da Koerich, mas foi expandindo a operação.
Com foco específico no agronegócio e apenas quatro anos de existência, a terceira colocada, Stara Financeira, também nasceu para uma atuação inicialmente vinculada a outra companhia, a Stara Indústria de Implementos Agrícolas. Em 2016, o lucro líquido recuou 20%, para R$ 4 milhões. A carteira de crédito avançou 74%, para R$ 94 milhões, enquanto os ativos totais fecharam o ano em 99 milhões, 62% de avanço.
“Em setembro de 2016, passamos a operar com repasses de recursos do BNDES, por isso a alta tão expressiva no volume”, diz Cícero Ferreira, diretor da Stara. A empresa financia equipamentos para o agronegócio em duas linhas: uma para concessionarias, com recursos próprios e prazo de até 120 dias meses, e outra para agricultores, com recursos do BNDES e até seis anos de prazo. “Em 2016, liberamos R$ 180 milhões, com 65% para concessionarias e 35% para produtores rurais, mas agora, com recursos do BNDES, a tendência é que esses percentuais se invertam.”