O plano para aposentadoria é algo que ainda não recebe a atenção que deveria por parte da maioria das pessoas, e com o aumento da longevidade, a tendência que a questão previdenciária se torne um problema estrutural de grandes proporções é cada vez maior.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford, apontou que, em média, apenas um em cada dez adultos tem noção clara da sua perspectiva de longevidade e formula seu planejamento financeiro em função disso.

A questão é que a maioria das pessoas considera um tanto mórbido ter que pensar sobre sua própria expectativa de vida. No entanto, é provavelmente uma das reflexões mais importantes a ser feita por quem deseja um envelhecimento com dignidade e qualidade de vida.

O que você não mede, você não gerencia. Essa frase é famosa e certamente se aplica perfeitamente ao que estou abordando aqui. Acumular patrimônio para 30 ou 40 anos de aposentadoria é algo que envolve cálculos e planejamento.

Seu dinheiro é suficiente até o fim da vida?
Obviamente ninguém sabe com exatidão quantos anos viverá. Mas uma coisa é clara: a expectativa de vida vem subindo ano a ano, graças aos avanços da tecnologia, da medicina e das melhores condições gerais de acesso aos recursos fundamentais à vida e saúde.

Dessa forma, é urgente que você comece a investir para a aposentadoria, assegurando que seu tempo produtivo acumulando patrimônio, possa ser mais longo do que o período usufruindo.

Por tendência, o período de aposentadoria, quando você precisará de renda recorrente oriunda de seu patrimônio investido, será bem grande. Então, no que diz respeito a guardar dinheiro, você já está atrasado.

Estudos recentes estimam que, entre pessoas com 65 anos, em média 40% das mulheres e 30% dos homens viverá até os 90 anos. Numa conta simples, se você tem hoje 45 anos e pretende se aposentar aos 65, grosso modo, isso significa que você tem 20 anos para acumular o patrimônio que irá sustentá-lo por pelo menos 25 anos.

Independência financeira e longevidade
Acumular um volume de patrimônio que assegure uma velhice confortável, além dos investimentos em si, envolve também a sua capacidade de tomar boas decisões financeiras e a disciplina de manter uma gestão de orçamento pessoal focada na construção de patrimônio.

Compreendo que, quando se tem contas a pagar e uma renda limitada, essa gestão focada em acumulação é muito desafiadora. Contudo, é exatamente por ser desafiadora que merece sua atenção e atitudes imediatas.

É óbvio que quanto mais dinheiro você puder investir mensalmente, melhor, mas não caia na armadilha de pensar que, só porque o valor que pode investir é pequeno, não compensa fazê-lo. Não subestime os pequenos valores do dia a dia, pois no longo prazo o efeito dos juros sobre juros na rentabilidade de seu dinheiro fará toda a diferença.

Engane seu cérebro para se condicionar a poupar
A forma como você estrutura sua rotina financeira para começar a investir é muito importante. Uma pesquisa realizada em 2019 pela Voya Financial, uma empresa de investimentos e seguros de Nova York, identificou que as pessoas se mostram mais propensas a poupar quando pensam em pequenos valores em vez de percentuais.

Sendo assim, economizar R$ 10 reais de cada R$ 100 ganhos parece mais fácil do que poupar 10% do salário. Esse estudo apontou que muitas pessoas não conseguem ou não têm o hábito de analisar porcentagem, então, buscar um enquadramento que facilite para o cérebro a tomada de decisão pode ser muito útil.

Este é um condicionamento comportamental que, à primeira vista, pode até parecer tolo, mas, se esse tipo de artifício puder ajudar você a fazer a gestão do dinheiro que acumula para o futuro, então, não tem razão para não utilizar. Se for pensar, é praticamente o princípio do cofrinho que muitos de nós tinha na infância.

E repito o que disse acima: não subestime os pequenos valores! Por menor que seja sua reserva ao se aposentar, é óbvio que algum dinheiro é melhor do que nenhum.

Como começar a investir para a aposentadoria
A primeira coisa a fazer é definir seu orçamento mensal. Entender exatamente quais os custos fixos e variáveis de suas despesas mensais e quanto de sua receita esses valores consomem.

Com essa informação, você já saberá qual sua capacidade de aporte mensal para investimentos ou, no pior dos casos, terá o mapeamento das despesas para identificar o que pode ser cortado para gerar esse aporte.

E aqui não estou falando daquelas ideias absurdas que tentam te convencer a economizar o cafezinho. Não é disso que estou falando, mas, sim, de montar um quadro que te dê clareza sobre quais são os gastos inevitáveis, quais evitáveis que você deseja manter, e quais os gastos que você faz, mas que se tiver de abrir mão em nome de seu futuro, não vão fazer diferença.

Não estou sugerindo que você deixe de viver o presente em nome de viver o futuro, mas, sim, que equilibre essa balança.

Educação financeira vai te ajudar a acumular mais dinheiro
Como educador financeiro, eu não teria como encerrar este artigo sem insistir para que você busque conhecimento. Seja cursando uma mentoria ou por meio de conteúdos gratuitos disponíveis na internet, o fundamental é que você entenda os princípios básicos dos investimentos e comece o quanto antes a planejar seu futuro financeiro.

Pela minha experiência, posso te garantir que se você dedicar vinte minutos do seu dia para estudar algo sobre investimentos, em pouquíssimo tempo saberá o suficiente para, ao menos, começar a estruturar seu plano de aposentadoria.

Meu desejo é que o estudo de temas de finanças esteja entre suas prioridades, pois, quanto mais você conhece, maior a facilidade de identificar as boas oportunidades e tomar melhores decisões financeiras no seu cotidiano. Mas entendo que nem todo mundo tem essa disponibilidade.

Sendo assim, o importante é que você saiba que 20 minutos de estudo por dia equivalem a menos de 2% do seu tempo diário, mas o conhecimento adquirido pode garantir ganhos financeiros que vão te sustentar por décadas. Foi assim comigo, e pode ser com você também. Pense nisso e não sabote seu futuro, comece o quanto antes.

Você está planejando a sua aposentadoria corretamente?

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