Por Beatriz Rocha

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) realizou uma “pegadinha” educativa em parceria com a Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). As duas entidades desenvolveram um site falso para uma corretora fictícia de criptomoedas como forma de alertar a população sobre o cuidado com fraudes.

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O resultado surpreende: a página alcançou 170 mil acessos totais durante o tempo em que esteve no ar, com 104 mil visitantes únicos. Dentre os brasileiros que acessaram o site só uma vez, mais de 49 mil demonstraram interesse em contratar a corretora falsa para investir seu dinheiro. Ou seja, quase metade (48%) dos visitantes únicos teria caído em um golpe caso a plataforma estivesse sendo operada por criminosos.

A página on-line foi construída trazendo indícios de potencial fraude, como promessas de aumento rápido de patrimônio a partir de lucros altos sem riscos. Também continha textos com erros gramaticais, dados divergentes e incentivo à pirâmide financeira, enquanto informações sobre o CNPJ da suposta empresa não estavam presentes.

Ao clicar em links sugeridos pelo site, os visitantes eram direcionados ao conteúdo educativo da CVM e da Anbima, com o alerta de que poderiam ter caído em um golpe. A página fictícia ficou no ar durante quatro meses do segundo semestre de 2023 e utilizou anúncios on-line e nas redes sociais para chamar a atenção dos investidores.

Esse foi o segundo site desenvolvido com propósito educativo pelas instituições. No primeiro experimento realizado pelas entidades entre o fim de 2022 e o início de 2023, a plataforma falsa apresentava uma oferta de fundos de ações. Na ocasião, cerca de 49% dos visitantes da página clicaram em um dos links para investir nos produtos fraudulentos.

De acordo com Marcelo Billi, Superintendente de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima, promessas de resultados garantidos e ofertas que condicionam senso de urgência são fortes indícios de golpes financeiros. “Um hábito saudável ao investir é, antes de aplicar os recursos, pesquisar instituições formais e autorizadas a prestar o serviço”, aconselha.

Para verificar se uma instituição é participante do mercado de capitais, o usuário pode realizar uma consulta gratuita nesta página da CVM, indicando a razão social ou denominação comercial da empresa e o seu CNPJ. A Anbima também conta com uma lista pública de empresas associadas e aderentes aos seus códigos de autorregulação. A informação pode ser conferida neste endereço, ao digitar o nome da instituição desejada.

CVM cria site de corretora e mostra que o brasileiro ainda é vulnerável a golpes

Foto: GettyImages