Artigo – Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating
No final de 2022, havia muita desconfiança sobre o desempenho da economia brasileira e global para 2023, pois a dinâmica altista da taxa de inflação e seus efeitos colaterais sobre a atividade econômica indicavam elevado risco de recessão nas economias desenvolvidas e forte desaceleração no Brasil.
Aos poucos, o combate à alta taxa de inflação foi surtindo efeito e o risco de recessão deu lugar ao chamado “pouso suave” nas economias centrais e a um processo de retomada da aceleração do PIB no Brasil, com as estimativas de crescimento em 2023 passando de medíocre 0,9% no início do ano para os atuais 3,0% revisados em setembro. Entretanto, a gestão das contas públicas ainda é a pedra no caminho e foco de muita cautela, debate e desconfiança.
A política fiscal brasileira, historicamente, tem sido o calcanhar de Aquiles do crescimento econômico nacional. Por exemplo, em 1987, o ex-presidente da Fiesp, Mario Amato, declarou em alto e bom som, em destaque no Jornal da Tarde: “Ou o Brasil acaba com o déficit público, ou o déficit público acaba com o Brasil”. Já se passaram 36 anos!
O desajuste da política fiscal tem cobrado um preço alto da sociedade brasileira, pois alimenta o círculo vicioso de baixo crescimento econômico, motivado por longos períodos de taxa de juros em nível elevado para neutralizar os efeitos inflacionários promovidos pelo populismo fiscal.
Comparando o desempenho do PIB brasileiro nos últimos 42 anos (1980-2022) com o de outros grupos de países emergentes, infelizmente, nossa taxa média anual registra medíocres 2,3% ante 7,0% em média nas economias emergentes da Ásia, de 2,5% anotados pelas economias emergentes da América Latina, além de 3,4% da média do crescimento global e 2,3% nas economias desenvolvidas.
Por fim, é urgente a necessidade das reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa (nas três esferas de governo), para resgatar de forma consistente a confiança dos agentes econômicos e construir, ainda que de forma lenta, um futuro melhor ou estaremos fadados a conviver com a triste realidade da inanição do nosso PIB.
Alex Agostini
Economista-chefe da Austin Rating, coordenador da área de projetos e estudos especiais e responsável pela área de rating de entes públicos
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