Metodologia sólida é a base do processo de escolha
Critérios aplicados no Estadão Empresas Mais avaliam a combinação entre porte e desempenho
O trabalho de coleta e processamento dos dados financeiros que são a matéria-prima do Estadão Empresas Mais já é exaustivo por natureza, mas neste ano tão desafiador ganhou contornos extras de dificuldade.
Além das mudanças na dinâmica de trabalho das equipes envolvidas, transferidas para home office, houve a ampliação do prazo para que as empresas publicassem seus balanços, concedida pelos órgãos reguladores em função da pandemia. Com isso, a conclusão do ranking precisou ser adiada por dois meses em relação aos anos anteriores – a premiação normalmente ocorre em outubro.
“Nos outros anos, muitas empresas já atrasavam normalmente a publicação do balanço, pois a punição para isso é uma multa de baixo valor. Com a permissão oficial por conta da pandemia, a maior parte aderiu ao novo prazo”, conta o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
A Austin é parceira da Fundação Instituto de Administração (FIA) no processo do Empresas Mais, baseado numa metodologia desenvolvida por um grupo de especialistas. Dados como receita, ativos e Ebitda das empresas são avaliados dentro de uma linha de tempo de cinco anos, o que permite uma análise consistente da trajetória recente de cada empresa e também dos diferentes setores.
Apesar de todas as dificuldades deste ano atípico, o processo incluiu as informações da maioria das empresas mais relevantes em cada setor. Manteve-se a margem de corte adotada no ano anterior – receita bruta acima de R$ 200 milhões.
O principal indicador resultante do processo, critério para definir as posições das 1.500 empresas incluídas no ranking, é o Coeficiente de Impacto Estadão (CIE). Trata-se da análise ponderada do porte e do desempenho de cada companhia.
Janela para boas práticas
Todo o processo do Empresas Mais é pensado para agrupar as empresas de forma coerente. As empresas são classificadas em 24 setores, divisão feita com base na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Alguns agrupamentos adicionais foram realizados para amenizar a fragmentação excessiva dentro de um mesmo setor, o que reduziria a qualidade estatística dos
resultados setoriais.
Empresas com dados incompletos ou que registraram receitas, ativos ou Ebitda negativos foram excluídas da análise. O resultado é um ranking confiável nos diferentes setores econômicos e que identifica, também, destaques regionais.
Um dos objetivos do Empresas Mais é valorizar as melhores práticas de inovação empresarial e de governança corporativa desenvolvidas pelas grandes corporações brasileiras. Considerando-se esse objetivo, mudanças em andamento no mercado – algumas delas diretamente impulsionadas pela pandemia – tendem a provocar ajustes na metodologia para o próximo ano.
“As empresas serão cada vez mais avaliadas, inclusive por investidores, pela forma como lidam com os princípios de ESG”
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating
Um tema que certamente ganhará peso, adianta o economista-chefe da Austin, são os princípios de ESG – sigla em inglês para meio ambiente, social e governança (environmental, social and governance), as três dimensões envolvidas numa nova visão de sustentabilidade, mais ampla e holística. “As empresas serão cada vez mais avaliadas, inclusive por investidores, pela forma como lidam com essas questões. O Empresas Mais é uma grande janela para que elas mostrem as suas boas práticas”, avalia Agostini.