Apesar de dias difíceis, mercado resiste
Resultados demonstram dinamismo e capacidade de crescimento mesmo em ambiente marcado pela desaceleração da economia
Resiliência define o desempenho do setor de Seguros, Previdência e Capitalização diante de tantas incertezas políticas e econômicas no País. Os resultados do primeiro trimestre de 2016 foram inferiores às expectativas, mas as taxas se recuperaram gradativamente ao longo do ano: 5,7% até maio, 6,5% até julho, 7,2% até setembro e 8,2% até novembro. Em dezembro, o mercado obteve crescimento de 9,2%, um ponto percentual abaixo do registrado no mesmo mês de 2015. No conjunto, a receita do setor foi de R$ 403 bilhões em 2016.
A redução dos juros no segundo semestre do ano passado e a pauta de reformas estruturais foram estímulos importantes para que o segmento retomasse a confiança na economia brasileira e iniciasse 2017 com boas perspectivas. “Estimava-se crescimento consolidado entre 9% e 11%, ante inflação prevista abaixo de 5%. No entanto, o cenário político complexo e a desaceleração na recuperação alteraram o contexto. O otimismo está mais contido”, comenta Marcio Serôa de Araujo Coriolano, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg).
Com arrecadação de R$ 117,9 bilhões, o crescimento do mercado de seguros no primeiro semestre deste ano foi de 3,5%, ante igual período de 2016. Descontando o DPVAT, cujo prêmio foi reduzido neste ano por norma do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), a evolução alcançou 5,3%, como informam dados divulgados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). O resultado no período foi influenciado pelo comportamento do mercado no segundo trimestre (-5,3%), que reverteu tendência do trimestre anterior (14%). De maio para junho, a variação nominal foi de 0,4%.
O setor de Seguros, Previdência e Capitalização e suas várias ramificações são de fundamental importância no cotidiano das instituições, empresas e da população brasileira. No atual cenário, com taxas de juros mais baixas, a redução do peso do resultado financeiro e a necessidade de ampliar os resultados operacionais se tornaram o caminho mais seguro, segundo analisa a CNseg. Neste ano, verifica-se o aumento de preços, mas a entidade defende que essa não é a única alternativa. A redução das despesas gerais e administrativas também deve ser levada em consideração. “No final, o que é verdadeiramente relevante é o índice combinado, que soma despesas com sinistros, administrativos e com pagamento de comissão de corretagem”, comenta Coriolano.
A expectativa é que a expansão do setor que em torno de 7% em 2017. “Continuamos trabalhando para chegar à evolução de 9%, como prevíamos anteriormente. Afinal, ao contrário de outros segmentos, estamos crescendo, mais lentamente do que em 2016, é verdade, mas respondendo com assertividade aos desafios que o País e a sociedade como um todo enfrentam neste ano turbulento”, acrescenta.
Entre os sub-setores que atuam no mercado segurador, alguns se destacam mais do que outros neste primeiro semestre. Na comparação com o mesmo período de 2016, os segmentos de seguro viagem, seguro rural e seguro habitacional apresentam índices superiores a 10%. O setor de viagem apresentou, por exemplo, um incremento de 52,9% no período, com receita de R$ 273,7 milhões. Só de maio para junho a variação nominal foi de 28,2%, com receita de R$ 62,6 milhões. O seguro rural, por sua vez, teve crescimento de 17,7%, com receita de R$ 1,9 bilhão no primeiro semestre de 2017.
Ao contrário do que ocorre com outros segmentos, o setor de seguros, previdência e capitalização continua prosperando, embora de forma mais lenta do que em 2016
Com muitas oportunidades pela frente
Em um mercado que cresce ano a ano, empresas de seguros buscam conquistar novos espaços por meio de serviços, produtos e canais personalizados
Embora a queda na atividade econômica seja sentida, este ainda é um setor com muito potencial de crescimento no País – apenas 18% da população tem algum tipo de proteção e cerca de 60% da frota brasileira circula sem apólice. É nesse cenário de oportunidades que o Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, primeiro colocado da categoria no ranking Estadão Empresas Mais, vem buscando disseminar uma cultura de seguros, afim de fortalecer sua estratégia de atuação focada na oferta de multiprodutos e multicanais. “Nossa visão é orientada ao cliente. Investimos em soluções que facilitem e aprimorem processos de nossos parceiros no momento da venda, por meio de produtos adaptáveis ao estilo de cada consumidor”, comenta Leonardo Mattedi, diretor geral de administração, finanças e marketing.
Uma das características do setor é o investimento contínuo em inovação para oferecer um bom atendimento ao consumidor
A empresa nasceu da união entre Banco do Brasil Seguros e Mapfre Seguros – e resultou em uma companhia que hoje totaliza 65 mil pontos de distribuição na venda de apólices para residências, veículos, motos, aparelhos eletrônicos, empresas, transporte de carga, indústria, agronegócio, transporte marítimo, aeroviário e rodoviário, produções agrícolas. Em 2016 o Grupo registrou R$ 15,8 bilhões em prêmios emitidos e R$ 2 bilhões de lucro líquido, garantindo a liderança com 16,2% de market share. Também lidera o segmento de danos, com 20,1% de participação de mercado, e é vice-líder em vida (17,0%) e automóveis (12,6%).
No ano passado o Grupo inaugurou sua nova sede administrativa em São Paulo, com instalações para 2 mil colaboradores. “Foi um ano intenso, no qual tivemos a oportunidade de estreitar parcerias, olhar para novos nichos e agregar ainda mais tecnologia e inovação aos nossos processos e produtos”, destaca Mattedi. Exemplo disso é a presença da companhia na indústria aeroespacial, com a cobertura de satélites lançados em órbita. E ainda o investimento em aplicativos, afim de fornecer aos clientes mais autonomia e agilidade em serviços como guinchos e chaveiros, entre outros. “São frentes distintas, mas que refletem nossa atenção aos diferentes consumidores e mercados”, conclui.
Agilidade e eficiência
Em segundo lugar no ranking está a SulAmérica, que também considera a inovação um dos aspectos mais relevantes para a excelência em atendimento. “Investimos continuamente em ferramentas que tragam agilidade, eficiência e confibilidade aos nossos processos internos e em canais multiplataforma”, afirma o presidente, Gabriel Portella. A SulAmérica disponibiliza seis aplicativos para clientes e um para uma base de 30 mil corretores de seguros. Um dos destaques nos negócios da companhia em 2016 foi a joint venture com a Healthways, maior empresa de saúde e bem-estar do mundo, reforçando a atuação da SulAmérica em prevenção e qualidade de vida. No ano passado, a empresa registrou lucro líquido recorde de R$ 734,3 milhões, com ganho de 32,2% sobre 2015.
Já a Caixa Seguradora, terceira colocada no levantamento, vem tomando decisões baseadas em seus estudos sobre os novos hábitos do consumidor brasileiro. “Procuramos ofertar produtos adaptados às necessidades dos clientes, o que tem nos dado um bom retorno mesmo em momentos de crise econômica. Ao mesmo tempo, estamos impulsionando uma grande transformação digital centrada no cliente. Um alinhamento estratégico maior entre o banco e a seguradora também foi fundamental para demonstrar a força da nossa marca em 2016”, explica Gabriela Ortiz, diretora presidente da Caixa Seguradora, empresa que fechou 2016 com lucro recorde de R$ 1,90 bilhão e faturamento de R$ 14,80 bilhões.