Os caminhos para superar a turbulência

O Brasil amargou em 2016 a pior recessão de sua história. Depois da queda de 3,8% em 2015, o PIB encolheu 3,6% no ano passado. Mas, mesmo em ambiente adverso, algumas empresas encontraram soluções para prosperar e se destacar

Desemprego em alta, queda no poder aquisitivo, redução no consumo, aumento da inadimplência, crédito caro, incertezas políticas, redução do investimento público, grandes empreiteiras envolvidas em escândalos. Todos esses ingredientes, aliados a outros, comuns ao Brasil nos últimos anos – como impostos altos e infraestrutura deficiente –, fizeram com que 2016 fosse um dos períodos mais turbulentos no cenário econômico dos últimos tempos. A soma desses fatores afetou severamente a economia, abalando diversos segmentos do mercado.

Mas, como as intempéries eram esperadas, muitas empresas começaram o ano de 2017 com estratégias de superação da crise bem desenhadas. Algumas optaram por cortar custos ou diversificar a linha de produtos. Outras miraram o mercado externo. Também houve as que apostaram na inovação e na melhoria do relacionamento com o cliente.
Como você poderá conferir a seguir, cada uma delas optou por caminhos próprios em busca de soluções que lhes permitissem sobreviver e superar o atual momento e aguardar a retomada da economia, que, todos esperam, deverá chegar em 2018.

Estratégias vencedoras

Entre os vencedores das 22 categorias avaliadas nesta edição do Estadão Empresas Mais há nove que fazem parte do seleto grupo de companhias tricampeãs do estudo, já que também foram vencedoras em 2015 e 2016. São elas: Aché, Ambev, Cielo, CCR, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Embraer, Raízen Combustíveis, Rede D ́Or e Vivo. Com essa conquista, certamente elas têm muito a ensinar sobre como enfrentar e superar os obstáculos encontrados no atual cenário econômico.

Para a Ambev, por exemplo, o momento foi de focar nas estratégias comerciais e fortalecer o relacionamento com o consumidor. “Sabemos que o Brasil tem passado por um período macroeconômico desafiador, com altos índices de desemprego e menor renda disponível, o que impacta diretamente a indústria de bebidas”, diz Ricardo Rittes, vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Ambev. “Continuamos cautelosamente otimistas, pensando na sustentabilidade do nosso negócio através dos ciclos econômicos. Momentos assim são, na verdade, oportunidades para o surgimento de novas ideias”, anima-se.

Já o Laboratório Aché decidiu não alterar seu ousado planejamento, definido em 2015, de crescer ininterruptamente até 2030. “Acreditamos que o caminho mais sustentável para o crescimento passa pela inovação e é isso que faz com que o Aché continue a se destacar no mercado farmacêutico”, avalia Paulo Nigro, presidente da empresa, que, em 2016, investiu R$ 203 milhões em inovação. No ano passado, o Aché lançou 27 produtos e finalizou as aquisições da fábrica de antibióticos Nórtis, de Londrina, e da divisão químico-farmacêutica do Laboratório Tiaraju, do Rio Grande do Sul. Além disso, anunciou os planos de expansão para o Norte e Nordeste, com a construção de uma fábrica na região metropolitana de Recife para ajudar a sustentar o crescimento previsto para os próximos anos.

Disciplina de capital
Outro bom exemplo vem do setor de serviços, uma área altamente competitiva. “Os consumidores estão ávidos por comodidade e menor atrito durante a experiência de compra. Nosso papel é continuar sendo o provedor dessa experiência para o varejista, buscando inovação, com o compromisso de criar as melhores soluções”, diz Eduardo Gouveia, presidente da Cielo. Uma dessas novidades, lançada em 2016, foi o Cielo LIO, maquininha que une pagamento a soluções de gestão e de controle do negócio.

Mais uma estratégia de sucesso em tempos de crise econômica são investimentos lastreados numa rígida disciplina de capital, como lembra Renato Vale, presidente da CCR, uma das maiores fornecedoras de infraestrutura da América Latina: “Desde sua fundação, a CCR sempre teve como premissa o crescimento qualificado, baseado em governança corporativa, disciplina de capital e geração de valor para seus acionistas e públicos de relacionamento”.

Além dessas experiências, nas próximas páginas é possível conhecer estratégias bem-sucedidas de dezenas de outras empresas que também tiveram bons resultados e prosperaram em um cenário adverso, mostrando competência e persistência.

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