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Inovação como estratégia de crescimento

Inovação como estratégia de crescimento

Em um mundo que se depara com desafios ambientais sem precedentes, a inovação se coloca como uma resposta estratégica e fundamental na transição para uma economia verde.

Além do desenvolvimento de novos produtos, materiais ou serviços, inovar, no atual contexto, significa também impulsionar transformações nos processos produtivos e práticas empresariais, não apenas para garantir a sobrevivência humana, mas também para catalisar o crescimento econômico sustentável e mudanças sociais significativas.

“A inovação não apenas impulsiona o desenvolvimento de soluções sustentáveis, mas também possibilita a adaptação das empresas a um modo de operação mais eficiente e ambientalmente responsável. Com isso, o crescimento econômico assume uma nova forma, mais alinhada com a sustentabilidade”, destaca André Miceli, coordenador do MBA de Negócios Digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV).

 

Reinvenção

O que começou como uma iniciativa para proteger a saúde dos seus funcionários durante a pandemia acabou por se tornar uma política de eficiência energética e gestão de resíduos na AeC, empresa especializada em soluções de experiência do cliente.

“Precisamos nos reinventar e quebrar um dos maiores tabus do mercado de contact center: o atendimento em home office. Atualmente, 44% dos trabalhadores da AeC trabalham de casa, número que chegou a 80% durante o isolamento social”, explica Flavia Tomagnini, diretora Jurídica e de Compliance.

Como consequência, houve economia na emissão de gases que geram o efeito estufa – 57% menos emissão desses gases nocivos, considerando o transporte dos funcionários – e a otimização dos recursos financeiros da companhia.

A empresa consolidou um plano de ação com indicadores e metas para melhorias sustentáveis, já tendo destinado 1.504 toneladas à logística reversa em 2022 e 20,8 mil toneladas para reciclagem, além de investir em fontes renováveis de energia em seus escritórios.

“Precisamos nos reinventar e quebrar um dos maiores tabus do mercado de contact center: o atendimento em home office. Atualmente, 44% dos trabalhadores da AeC trabalham de casa, número que chegou a 80% durante o isolamento social”.
Flavia Tomagnini, diretora Jurídica e de Compliance.

 

Potencial verde e amarelo

No Brasil, a corrida tecnológica verde tem potencial para reformular o cenário econômico e geopolítico. O País, com suas ricas reservas de biodiversidade, recursos naturais e sua matriz energética mais limpa que a média mundial, destaca-se por seu potencial em ecoinovação, especialmente em setores como energia, insumos, florestas nativas e plantadas, bioinsumos e recursos como água, vento e radiação solar.

“Para mudar a direção que está indo, o mundo precisa de novas fontes energéticas, com grande capacidade de geração. É aí que entra o Brasil, com muito sol, vento e água, fontes que são grandes propulsoras de energia. Com toda essa capacidade de gerar energia limpa, temos potencial para atrair indústrias de qualquer parte do mundo, principalmente as de base”, explica Jefferson Gomes, diretor de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Segundo o executivo, para que todo esse potencial se transforme, na prática, em crescimento econômico robusto e sustentável, é necessário um conjunto de políticas adequadas, investimentos focados e colaboração efetiva entre todos os setores da sociedade.

 

Incentivo

Neste contexto, a Confederação Nacional da Indústria, em parceria com o SEBRAE e a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), lançou, em setembro deste ano, uma proposta para a criação de uma Estratégia Nacional de Ecoinovação voltada para a indústria brasileira.

A proposta do setor é que se defina uma estratégia nacional que combine interesses públicos e privados e seja explícita em seu propósito de assegurar um ambiente regulatório adequado e investimentos governamentais perenes, aliados ao compromisso do setor industrial em atuar pelo aumento da produtividade e da competitividade em bases sustentáveis.

José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), garante que a inovação verde é uma das prioridades da instituição, que lançou, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a 2ª edição do Inova+, para apoiar o desenvolvimento de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

Gordon destacou o anúncio neste ano de uma série de programas e investimentos visando a ampliar a colaboração com a iniciativa privada e centros de pesquisa. “Nos próximos quatro anos, teremos um orçamento para financiamentos a projetos de inovação e digitalização de cerca de R$ 20 bilhões em quatro anos. Esses recursos fazem parte de um programa federal que chega aos R$ 60 bilhões, pois, dos recursos mobilizados anualmente, R$ 5 bilhões serão operacionalizados pelo BNDES e R$ 5 bilhões estarão a cargo do FNDCT, da Finep, resultando no total de R$ 40 bilhões em crédito ao longo dos quatro anos do programa. Outros R$ 20 bilhões estarão destinados para uso não reembolsável pela Finep”, informa.

Imagem: Adobe Stock