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A estratégia da TIM para crescer na telefonia móvel e fixa, após recorde de receita e lucro em 2023
Por Circe Bonatelli
Após bater recorde da receita ao lucro em 2023 e superar as metas previstas para o ano, de acordo com o balanço apresentado nesta semana, a TIM entra em 2024 com perspectiva de crescimento em todas as suas áreas de atuação, passando pela operação móvel e fixa no varejo, até o atendimento no mercado corporativo.
“Com este último balanço, estamos coroando um ano importante. Tivemos recordes em todos os nossos KPIs [indicadores de performance]”, diz o presidente da TIM, Alberto Griselli, em entrevista ao Estadão/Broadcast. “E temos segurança em nossas diretrizes de crescimento para os próximos anos.”
A TIM teve lucro líquido de R$ 2,699 bilhões em 2023, o que representa uma alta de 50,4% na comparação com 2022. O lucro operacional medido pelo Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 11,686 bilhões, expansão de 14,2%. A margem Ebitda cresceu 1,5 ponto porcentual, para 47,5%. Já a receita líquida totalizou R$ 23,875 bilhões, um avanço de 10,6% na comparação anual. Esse ganho ajuda na diluição de custos e elevação da margem.
O aumento da receita é um feito importante em um setor em que o faturamento crescia pouco ou quase nada nos últimos anos, por conta da saturação do mercado de telefonia móvel. O fatiamento de clientes da Oi Móvel entre TIM, Claro e Vivo ajudou a engordar os balanços das concorrentes, além de abrandar a competição, facilitando a subida dos preços.
A TIM, por exemplo, reajustou recentemente o valor da recarga mínima nos planos pré-pagos, que passaram de R$ 15 para R$ 17 por quinzena. Também houve elevação dos preços nos planos pós-pagos nos trimestres anteriores. Em sua apresentação de resultados, a TIM destacou que atingiu a maior receita média por usuário do setor móvel, no valor de R$ 31, alta de 15,8% na comparação anual.
Griselli acrescenta que a companhia segue focando na migração dos clientes para planos com pacote de dados maior e mais benefícios aos consumidores, mas que também têm preços maiores. Essa estratégia tende a continuar ao longo do ano. Há um entendimento de que a telefonia móvel é essencial e que os preços são acessíveis. “O que nos permite eventuais ajustes de preço é a estratégia de gerar valor. Buscamos criar as condições necessárias para, eventualmente, fazer ajustes no futuro”, afirma.
O presidente da TIM ponderou que a operadora diminuirá gradualmente a política de oferecer o uso de determinados aplicativos sem descontar consumo do pacote de dados (conhecida pelo jargão zero rating). O Facebook saiu dessa lista há dois anos, por exemplo. O contexto disso é o volume significativo de dados que esses aplicativos movimentam. Além disso, a TIM e outras teles mundo afora vêm cobrando das big techs que paguem pelo tráfego gerado nas redes. “Essa estratégia vai continuar. Vamos rebalancear os serviços oferecidos aos clientes e diminuir a política de zero rating”, frisou.
Banda larga e ativos da Oi
O presidente da TIM reiterou que o setor de banda larga é um dos pilares para expansão da companhia, mas que o objetivo aí é combinar crescimento com rentabilidade. “Não faz sentido crescer por crescer. Poderíamos acelerar, mas queremos manter um trade off com ganho de margem”, ponderou. “A banda larga é desafiadora no Brasil. Tem muita gente competindo, o que torna pressão elevada sobre o Arpu (Average Revenue Per User, a receita média por usuário).”
No segmento fixo, a receita da banda larga TIM UltraFibra cresceu 9,5% no quarto trimestre de 2023 na comparação anual, graças ao aumento da base de usuários. Já o Arpu caiu 0,2%, dada a dificuldade de repassar preços.
A TIM detém hoje 2% das receitas do mercado de internet fixa no País, mas, segundo Griselli, há potencial de ganhar participação no setor. O crescimento se dará de modo gradual e orgânico, via parceria com V.tal e Y-System.
Questionado se a TIM participa do processo de venda da Oi Fibra, negócio de banda larga da Oi que será alienado dentro do plano de recuperação judicial, Griselli respondeu que a companhia “olha ativamente todas as oportunidades do mercado”.
“A Oi é um ativo grande, não tem como não olhar. Mas é também mais complexo que o normal, pois envolve mais que duas partes”, afirmou, referindo-se aos contratos que a Oi Fibra possui para uso da rede da V.tal e que seriam repassados ao eventual comprador.
Outras vias de crescimento
Griselli mencionou como terceiro pilar de crescimento o setor corporativo (B2B), com a oferta de conectividade para grandes empresas, principalmente nos setores de agricultura, logística e infraestrutura.
Um exemplo disso são as parcerias com concessionárias para ativação de internet em rodovias. No acumulado dos últimos 18 meses, a tele já contratou R$ 300 milhões em receitas corporativas.
“Essa é uma vertical importante para a TIM importante. Estamos focados aí na internet das coisas para as empresas. Existe uma demanda forte, que, até alguns anos atrás, não vinha se materializando. Agora isso mudou. Imaginamos rápido crescimento nos próximos anos”, afirmou.
Foto: Buno Ryfer/TIM
A estratégia da TIM para crescer na telefonia móvel e fixa, após recorde de receita e lucro em 2023