O mercado financeiro começa a dar sinais de recuperação. Essa retomada começou no fim de dezembro e em janeiro atingiu altas históricas tanto no mercado local quanto no global. No mês passado, foi possível verificar um movimento de retorno dos investidores estrangeiros, que tinham retirado recursos da Bolsa brasileira nos últimos anos diante do cenário de incertezas políticas e econômicas.

Nem mesmo o tombo nos papéis da Vale, que despencaram cerca de 11% no mês passado, reflexo do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), foi capaz de atrapalhar o bom momento do mercado nacional.

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“Janeiro foi um mês excepcional para os mercados, com o humor positivo não só por aqui, mas no mundo inteiro”, avalia o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.

De fato, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, registrou em janeiro um crescimento de 10%, superando a marca de 97 mil pontos.

Conforme dados compilados no site da BMFBovespa, em janeiro do ano passado, o índice acumulava 84 mil pontos e, no ano anterior, 64 mil. Apesar de bem abaixo do patamar atual, os montantes desses dois últimos anos são bem superiores aos de anos anteriores e representam um bom início de recuperação, já que desde 2011 os meses de janeiro têm apresentado quedas sucessivas.

“As empresas apanharam muito no Brasil nos últimos anos, com um mercado contido devido à crise financeira, à alta carga tributária e a muitos custos financeiros. E agora há uma expectativa de que ocorram algumas mudanças”, explica o professor Silvio Paixão, da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras).

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Confiança no cenário macroeconômico e expectativa em relação à agenda reformista adotada pelo novo governo foram alguns dos fatores que contribuíram para esse bom desempenho.

De acordo com especialistas, a articulação política do governo brasileiro para apresentar uma reforma da Previdência ambiciosa foi um fator extremamente positivo para que investidores voltassem a ter interesse no mercado nacional.

“O mercado trabalha em cima de notícias. Se são boas, os indicadores sobem. Se são ruins, eles caem”, avalia Paixão.

No mercado externo, explicam os especialistas, o FED (Banco Central americano) decidiu barrar a alta de juros da economia americana. “A decisão do FED de não aumentar os juros é positiva para as economias emergentes”, explica o professor Paixão.

Isso ocorre porque os títulos da dívida americana são considerados os mais seguros. Então, se os juros por lá sobem, os investidores levam recursos alocados em países emergentes para os Estados Unidos. Agora, se as taxas americanas ficam mais baixas, deixam de ser atraentes e investidores preferem se arriscar em economias emergentes com a possibilidade de ganhos maiores.

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Cenário Internacional

Além disso, os governos americano e chinês decidiram colocar panos quentes na disputa comercial entre os dois países, que se estende desde o início do ano passado, e a China adicionou liquidez à sua economia.

“É importante destacar ainda que nos Estados Unidos o presidente Donald Trump chegou a um acordo para desamarrar esse nó em relação à aprovação do orçamento americano”, lembra o professor Viriato.

A conjunção de todos esses fatores levou, além da alta no Ibovespa, à valorização do real ante o dólar, que fechou o mês em queda de 1,77%, cotado em R$ 3,65, menor patamar desde outubro de 2018, quando o processo eleitoral derrubou a cotação da moeda.

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E não foi só a Bolsa brasileira que começou o ano com sua cotação no azul. Em Nova York, por exemplo, as bolsas tiveram o melhor janeiro desde a década de 1980, com o S&P 500 registrando alta de 7,87%, enquanto Nasdaq se valorizou 9,74% no mês.

“Assim também aconteceu nos mercados emergentes como um todo, que sentiram os efeitos do bom momento da economia mundial”, comenta Viriato.

Vale destacar ainda que os mercados internacionais de um modo geral tiveram alta de 13% na média desde o fim de dezembro; na mesma linha, o Ibovespa acumulou alta de 14% no mesmo período, sendo mais de 10% apenas em janeiro.

“O mercado tem enxergado uma mudança de paradigma, tanto dos juros do lado do crédito quanto em relação a mais empregos, e isso tem reflexo positivo em todo o mercado”, considera Paixão.

Cautela Marca as duas primeiras semanas de Fevereiro

Se janeiro foi de euforia nos mercados de um modo geral, fevereiro parece que terá cautela como palavra de ordem. “Alguns ruídos no início deste mês contribuíram para que o Ibovespa apresentasse queda nas duas primeiras semanas”, considera o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.

Nesta quinta-feira (14), no entanto, o governo divulgou os primeiros pontos da reforma da Previdência e o mercado reagiu com otimismo. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 2,27%, atingindo 98.015,09 pontos, maior alta (sugiro trocar “maior alta” por “maior crescimento” para não repetir a palavra “alta”) desde o dia 2 de janeiro, quando chegou a 3,56%. Já o dólar fechou cotado a R$ 3,74, queda de 0,34%.

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Segundo especialistas, a expectativa do mercado era de que a reforma da Previdência fosse anunciada já no início deste ano. A demora na definição do texto trouxe esse ruído, que contribuiu para a queda nas duas primeiras semanas.

Mas o Brasil vem seguindo o cenário internacional. Nas duas primeiras semanas, a Bolsa brasileira caía 1% e as dos países emergentes caíam 0,7% na média. E mesmo os Estados Unidos estão crescendo menos do que no mês passado.

“O Brasil é um veleiro que está seguindo o vento internacional. A dúvida é saber se vai continuar soprando a nosso favor”, afirma Viriato. “E a vela está bem fininha porque não se criou a trama necessária, que são as reformas, para ganhar o impulso positivo e evitar que ela rasgue”, complementa o professor.

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No cenário externo, há cautela em relação às dificuldades de negociação entre Estados Unidos e China, após o presidente Donald Trump adiar para o início de março as conversas com o colega chinês.

“Acredito que a tendência seja positiva e não me surpreenderia se o Ibovespa batesse 100 mil pontos.  Se o mercado lá fora continuar com bom humor, poderemos ter um número bem bonito por aí”, finaliza Viriato.

Evolução do Ibovespa nos meses de janeiro

2009 – 39 mil pontos

2010 – 65 mil pontos

2011 – 66 mil pontos

2012 – 63 mil pontos

2013 – 59 mil pontos

2014 – 47 mil pontos

2015 – 46 mil pontos

2016 – 40 mil pontos

2017 – 64 mil pontos

2018 – 84 mil pontos

2019 – 97 mil pontos

Fonte: Site BMFBovespa

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