O encolhimento da economia brasileira em 2016 e a queda de 3,6% no Produto Interno Bruto (PIB) fizeram com que muitos bancos adotassem postura mais conservadora na concessão de crédito e, mesmo assim, conquistassem algum avanço em relação aos concorrentes. Foi o caso do ABC Brasil, líder na categoria bancos/middle market de Finanças Mais, seguido pelo Banco Luso Brasileiro e pelo Banco Ribeirão Preto (BRP).

“Não estamos alheios ao que acontece na economia real. Isso afeta nosso cliente e nossos negócios”, afirma Sergio Borejo, vice-presidente de relações com investidores do ABC. Embora premiado no segmento de middle market, Borejo ressalva que o ABC se considera uma instituição com atuação mais significativa no setor de bancos de atacado no Brasil. “Dos R$ 23 bilhões que temos hoje em nossa carteira de crédito, 85% destinam-se a empresas com faturamento acima de R$ 800 milhões”, afirma.
O executivo explica que em 2016 houve, conscientemente, uma estratégia mais conservadora para concessão de crédito do banco. Isso representou aumento de modestos 5% nos empréstimos em relação ao ano anterior, contra média superior a 30% de 2011 a 2016. “Foi questão de momento, muito embora nossa expectativa para 2017, com a retomada da economia, é de que nossa carteira de crédito cresça em torno de 8%”, prevê.

Com lucro líquido de R$ 111,2 milhões no primeiro trimestre de 2017 e a comemoração de dez anos de abertura de capital – o ABC é listado no Nível 2 de Governança Corporativa da Bovespa -, Sérgio Borejo afirma que a carteira de empréstimo é bem diversificada, o que lhe garante baixa taxa de inadimplência. “Emprestamos para os setores de açúcar e álcool, energia elétrica, construção civil”, afirma. “Temos grande capilaridade.”

Segundo classificado no ranking de middle market de Finanças Mais, o Banco Luso Brasileiro foi fundado em 1988 e atua em diversos setores da economia, segundo informações de seu perfil corporativo. Sediado em São Paulo, em 2011 iniciou a estratégia de busca de novos acionistas para se reposicionar no mercado, ampliar atuação, disponibilizar novos produtos e atender a novos setores da economia.

Em dezembro de 2011, a oportunidade se consolidou com a chegada de dois novos acionistas: Amorim Aliança BV e RC Participações S.A. “Desde 2012, nossa prioridade é o financiamento para empresas de transporte público coletivo, segmento que já representa 85% da carteira de crédito”, diz Francisco Ribeiro, presidente do Luso Brasileiro.

Para Nelson Rocha Augusto, presidente do BRP, terceiro colocado no ranking de middle market de Finanças Mais, 2016 ficou marcado como um ano diferenciado. “Não temos produtos como crédito consignado, por exemplo. Somos um banco de relacionamento”, explica. “Isso nos faz conhecer o projeto de cada uma das instituições, ajuda a redesenhar o plano de negócios para melhorar performance de forma prudente e adequada. Esse é o nosso diferencial.”

Com estrutura bastante enxuta, 40 pessoas no total entre administrativo e estagiários, o que lhe confere um custo bastante pequeno em relação aos concorrentes, Nelson Rocha explica que o trabalho é muito focado em consultoria, principalmente para empresas familiares da região de Ribeirão Preto (SP) e entorno.

“Resolvemos muitas questões envolvendo sucessão patrimonial. E em muitos casos aconselhamos a não entrar em determinado negócio ou não tomar crédito, por acreditarmos que aquele não é o perfil do grupo”, diz o executivo.

“A expectativa para 2017, com a retomada da atividade econômica, é de que nossa carteira de crédito cresça em torno de 8%” – Sergio Borejo, vice-presidente do Banco ABC

Com carteira de crédito hoje em torno de R$ 450 milhões, Nelson Rocha conta que a maior demanda vem do setor de café, seguido pelo de laranja. Perguntado se está otimista com a retomada da economia no primeiro trimestre de 2017, ele responde que sim: “É um otimismo a longo prazo. Não significa que eu não tenha preocupação com o que acontece com o Brasil, mas estou otimista particularmente com o agronegócio”.

 

 

Bancos