O setor de seguro saúde sentiu em 2016 o reflexo do alto índice de demissões em todos os setores da economia. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), houve queda de quase 2 milhões de beneficiários de planos de saúde em 2016 na comparação com 2015. As companhias que lideram a classificação dessa categoria de Finanças Mais apostaram no redesenho de alguns produtos para manter mercado. “Estamos trabalhando para contribuir com as empresas no redimensionamento de planos e em esforços para reduzir os custos administrativos e de rede”, explica Manoel Peres, diretor geral da Bradesco Saúde, primeira no ranking, e da Mediservice, adquirida pelo Bradesco em 2017 e voltada para grandes corporações. Peres afirma que, mesmo com o redesenho, as coberturas seguem as mesmas, mas há mudanças no patamar de reembolso e de rede credenciada.

A Bradesco Saúde conta com 3,9 milhões de vidas seguradas. Peres lembra que o plano de saúde é o terceiro sonho de consumo dos brasileiros. “Pesquisas mostram que, pela ordem, casa própria, educação e plano de saúde são os itens mais desejados pelas famílias”, diz. “O setor ainda é muito jovem e tem muito que se desenvolver, principalmente se pensarmos que gastamos apenas 15% do que gastam os Estados Unidos com saúde.” Peres conta que a Bradesco Saúde vem sustentando crescimento médio anual na casa de dois dígitos, mantendo participação de mercado em torno de 13% entre as operadoras e seguradoras de saúde. Desde 2007, a Bradesco Saúde não comercializa planos de saúde individuais, pois seu foco estratégico está voltado para o segmento corporativo.

Outra empresa que tem atuado fortemente na redução de ineficiências do sistema e, consequentemente, de custos para os clientes é a Sul América, segunda no ranking. Uma das estratégias foi melhorar as compras realizadas pela companhia. Isso não significa diminuição na qualidade dos produtos comprados, mas houve eficiência melhor nesse quesito, que garantiu redução de 40% nas aquisições.

“Nosso principal diferencial tem sido colocar o cliente no centro do negócio”, diz Maurício Lopes, vice-presidente de saúde e odonto da Sul América. A estratégia está dando certo. De acordo com o executivo, na contramão do mercado a companhia registrou aumento no número de beneficiários e faturamento, bem como queda na sinistralidade.

“O setor tem muito a crescer. Gastamos somente 15% do que os Estados Unidos despendem com saúde” – Manoel Peres, diretor geral da Bradesco Saúde

Além disso, a transparência no contato com o cliente resultou em mais satisfação pelos serviços. Um aplicativo mantém o cliente informado sobre a solicitação de procedimentos por médicos e hospitais. Desde 2009, a companhia não pede mais para o cliente ligar a fim de solicitar autorização prévia de procedimentos. “O médico está mais preparado para fazer isso”, afirma Lopes.
Depois de passar por reestruturação interna, a Unimed Seguros Saúde, terceira colocada, começa a colher frutos da gestão focada na melhoria contínua do atendimento aos clientes, eficiência operacional e no controle da sinistralidade. “Em 2014, fizemos aquisições que não foram muito boas; em 2015, fizemos algumas adaptações; e em 2016 começamos a colher bons resultados, apesar do cenário externo muito difícil”, afirma Helton Freitas, diretor-presidente da empresa, que fechou 2016 com lucro líquido de R$ 68 milhões.